Em emocionada entrevista coletiva, Fernandão anuncia sua saída do comando do Internacional

(Foto: Lancenet)
Olho da rua – Alegando que no futebol não se pode falar a verdade e afirmando que foi amigo de quem não deveria ser, Fernandão despediu-se na manhã desta terça-feira (20) como técnico do Internacional.

Após 122 dias à frente do Colorado gaúcho, clube do qual foi capitão e ergueu a taça do Mundial de Clubes, Fernandão, entre muitas lágrimas, não explicou a razão da sua saída, mas sugeriu que os jornalistas se baseassem na entrevista coletiva concedida minutos antes pelo vice-presidente de futebol Luciano Davi.

“Acho que não vou conseguir falar. Sei que às vezes é difícil, mas o Ygor me deu uma demonstração muito grande contra o Atlético-MG (vitória por 3 a 0). Estávamos sem zagueiro nenhum e ele se colocou à disposição, falou que eu não me preocupasse, que colocasse ele, disse que ia jogar. Ali, foi meu grande jogo. A atitude dele me ensinou muita coisa. Infelizmente, em um determinado momento, a gente perdeu a linha e isso prejudicou os resultados. Só lamento. Peço desculpas. Era um ano importante para o Inter. O elenco foi montado minuciosamente por todos. Acabou que, no papel, estava sempre maravilhoso, mas a gente nunca teve aqui dentro (do campo). Quando falei da zona de conforto, não estava mudando o foco do jogo contra o Sport. Não falei que botei o Cassiano e tirei um volante. Poderia ter inventado histórias. Falei o que sentia. O meu grande erro acho que não foi ali, foi depois. Fui amigo de quem não deveria ser. A gente aprende. Aprendi mais uma lição. Aprendi a separar amizade de profissionalismo. Me arrependo hoje. Agi como amigo e não deveria fazer isso. Se tivesse tomado uma atitude mais firme e não pensado na amizade, eu teria mais uma postura diferente. Fui amigo e me perdi”, disse o emocionado Fernandão.

“Uma coisa que aprendi ontem (segunda, após a reunião decisiva com a direção). Você não pode falar a verdade no futebol. Não vou mentir, mas vou omitir. Me guardo o direito de ficar calado. Os motivos (da demissão), se são verdadeiros (que o grupo não o apoiaria no Gre-Nal), eu não posso falar nada. Só tenho que agradecer a torcida, desabafou o ex-técnico do Internacional.