Índice de desemprego caiu em novembro, mas é melhor não exagerar na comemoração

Muita calma – Os palacianos comemoraram os dados sobre o desemprego no País, divulgados nesta sexta-feira (21) pelo IBGE. De acordo com o órgão, o índice de desemprego de novembro ficou em 4,9%, o menor para o mês em toda a série histórica, iniciada em 2002. O resultado também é o segundo menor se considerados todos os meses, só perdendo para dezembro de 2011, quando a taxa atingiu 4,7%.

Também segundo o IBGE, a população desocupada alcançou 1,2 milhão de pessoas em novembro, queda de 8,0% em relação a outubro, o equivalente a menos 106 mil pessoas procurando trabalho. Em relação a novembro de 2011, houve recuo de 3,5%, o que representa menos 44 mil pessoas à procura de emprego.

No contraponto, a população ocupada somou 23,5 milhões em novembro, aumento de 0,4% em relação ao mês anterior, o que corresponde a mais 98 mil pessoas empregadas. Na comparação com novembro de 2011, foi registrado aumento de 2,8%, índice que representa um contingente adicional de ocupados de 634 mil pessoas.

O brasileiro não se deve deixar levar por esses números que causaram euforia no Palácio do Planalto por diversas razões. O desemprego recuou em novembro porque nesta época do ano há os chamados trabalhos temporários por causa do Natal e réveillon. Quando o novo ano raiar, a grande maioria dos temporários será dispensada. Fora isso, há muitos brasileiros na informalidade, o que não é levado em conta na hora do cálculo do índice de desemprego. Tal situação pode ser facilmente confirmada em qualquer esquina de grandes cidades brasileiras, onde ambulantes se aglomeram nos cruzamentos vendendo de tudo. Uma espécie de marcado persa ambulante.

Outro ponto que preocupa é a qualidade profissional dos que estão conseguindo emprego. O Brasil sofre um preocupante apagão de mão de obra, tema que desde 2007 tem merecido destaque no ucho.info. Na ocasião, alertamos para o fato de que o País começava a “importar” engenheiros. Nos dias atuais, falta mão de obra qualificada em quase todos os segmentos da economia. De pedreiro a engenheiro, de motorista a especialistas em tecnologia da informação.

A derradeira questão é que o ministro do Trabalho, que chegou ao cargo agarrado ao esquife do avô Leonel Brizola, não é nenhum gênio e padece de incompetência. Sem contar que o Ministério do Trabalho também sente os efeitos da crise, a ponto de ter de suspender as fiscalizações por falta de recursos.

Um anúncio como o desta sexta-feira, ocorrendo horas antes de ir ao ar a mensagem de final da presidente Dilma Rousseff, é no mínimo estranho, para não afirmar que se trata de mais uma armação ilimitada.