Com o trem-bala há anos no papel, Dilma defende construção de ferrovia que liga o Brasil ao Chile

Noção zero – Há situações no âmbito político nacional que são absolutamente inexplicáveis, para não afirmar que ultrapassam os limiares do absurdo. O Brasil enfrenta uma crise econômica por causa da paralisia de um governo que vive de discursos, mas a presidente Dilma Rousseff, em visita oficial ao Chile, onde participou da 1ª Cúpula União Europeia – Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), defendeu a integração ferroviária e rodoviária do Brasil com o país sul-americano.

“Apesar de não termos fronteira, temos grande possibilidade de interligação”, disse Dilma. “Esse corredor interoceânico rodoviário e ferroviário liga dois elementos fundamentais do comércio mundial, o comércio do Atlântico e do Pacífico”, completou a presidente.

O ufanismo que toma conta do Palácio do Planalto é impressionante, mas os palacianos continuam abusando das sandices discursivas para enganar a parcela incauta da opinião pública. Se levou a sério as palavras de Dilma Rousseff, o presidente do Chile, Sebastian Piñera, caiu em uma esparrela verde-loura, pois o Brasil ruma na direção do atraso por causa da falta de investimentos no setor de infraestrutura.

Na herança que recebeu do antecessor, Dilma por certo encontrou cápsulas de messianismo, pois uma declaração como a feita em Santiago deve ser considerada uma homenagem à mitomania, se considerarmos o fato de que as obras de transposição do Rio São Francisco estão abandonadas, com a população nordestina enfrentando uma das piores secas dos últimos anos, enquanto estádios de futebol consomem verbas bilionárias dos cofres públicos. Como se fosse pouco para um governo que se mostra cada vez mais incompetente, o trem-bala, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro, que seria inaugurado antes da Copa do Mundo continua estacionado no papel.

Dilma deixa muito a desejar como governante e é ainda pior como líder regional, mas aproveita qualquer oportunidade para mostrar uma competência que há muito anda sumida da Praça dos Três Poderes. Só mesmo um político despreparado consegue usar como justificativa de tão absurda declaração o comércio na área do Pacífico, que acontece há séculos. Sem conseguir colocar ordem na própria casa, Dilma que consertar o mundo.