Contribuinte japonês paga pelos prejuízos causados pelo desastre na usina de Fukushima

Dividindo a conta – Passados quase dois anos do desastre de Fukushima – acidente que escancarou mais uma vez os perigos da energia nuclear –, o Greenpeace Internacional mostra como os prejuízos foram repassados ao bolso dos contribuintes japoneses, enquanto a indústria foi poupada.

Lançado nesta terça-feira em Tóquio, no Japão, o relatório “Fukushima Fallout: Nuclear business makes people pay and suffer”, (do inglês “As consequências de Fukushima: a indústria nuclear faz as pessoas pagarem e sofrerem”) avalia as regulamentações do Japão e de diversos países sobre a indústria nuclear.

A conclusão é que, em caso de desastres, as fabricantes de reatores nucleares seriam completamente poupadas. Já as operadoras das centrais teriam que desembolsar apenas entre € 350 milhões e € 1,5 bilhão para cobrir os prejuízos – cifra bastante inferior aos US$ 250 bilhões necessários para pagar os custos de Fukushima.

“Fukushima desmontou a farsa do discurso de segurança da indústria nuclear. O desastre teve um enorme impacto ambiental, social e econômico”, disse Ricardo Baitelo, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil. “A má notícia é que a indústria da energia nuclear não tem responsabilidade total sobre esse ônus, transferindo as perdas para o Estado e para os contribuintes.”

Incapaz de arcar mesmo com os custos iniciais do acidente, a operadora da central de Fukushima, a TEPCO, teve de ser estatizada após o desastre. Já a GE, a Hitashi e a Toshiba, fabricantes dos reatores, não pagaram nada, mesmo tendo responsabilidade pelas falhas de engenharia que permitiram o acidente.

“Esse sistema injusto, que responsabiliza os cidadãos, em lugar das empresas que lucraram, mas que não pagam a conta do prejuízo, pode se repetir em qualquer outro país”, complementa Baitelo.

“Contrariando todos os alertas, o Brasil cogita voltar a investir nessa fonte de energia, mesmo com opções mais baratas e mais seguras, como a eólica, solar e biomassa. Não aprendemos mesmo com as lições”, conclui.

Clique e confira a íntegra do relatório (em inglês)