STF investiga Maluf por caixa 2 de campanha, mas Justiça ignora verdadeiros gastos dos candidatos

Piada de salão – Não há um dia sequer que o Brasil escapa de um escândalo de corrupção ou algo semelhante. Desta vez o alvo é novamente o deputado federal Paulo Salim Maluf, investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto caixa 2 durante a campanha eleitoral de 2010.

De acordo com a denúncia, Maluf teria utilizado a Eucatex, empresa da família, para pagar despesas de campanha. A Eucatex já esteve na mira da Justiça no caso de desvio de recursos públicos na época em que Maluf foi prefeito da capital paulista (1993-1996). Em janeiro passado, a Corte do paraíso fiscal das Ilhas Jersey confirmou sentença em que as empresas offshore de propriedade da família Maluf terão de devolver aos cofres da prefeitura paulistana aproximadamente R$ 56 milhões, dinheiro oriundo do superfaturamento das obras da Avenida Águas Espraiadas, atual Avenida Jornalista Roberto Marinho.

O caso do caixa 2 de campanha está no STF desde o início de janeiro e mostra que a Justiça Eleitoral não identificou na prestação de contas do então candidato o pagamento dos serviços prestados pela empresa Aztrac, que confeccionou placas com propaganda eleitoral para Maluf. O pagamento à Aztrac, no valor de R$ 168 mil, corresponde a 21% do gasto total da campanha do deputado federal pelo PP paulista, que foi de R$ 803 mil.

O problema maior no caso de Paulo Maluf não é o pagamento à margem da contabilidade, ato que deve ser punido com o rigor da lei, mas o valor declarado à Justiça Eleitoral como gasto total da campanha. Assim como qualquer leigo, a Justiça Eleitoral sabe que nenhum candidato a deputado federal pelo mais importante estado da federação chega à Câmara, em Brasília, sem desembolsar pelo menos R$ 10 milhões.

Ao fechar os olhos para a realidade a Justiça Eleitoral endossa a bandalheira em que se transformou a política brasileira, sempre permeada por escândalos dos mais variados. O Ministério Público Eleitoral tem meios para identificar os verdadeiros gastos das campanhas, mesmo que por amostragem, mas não o faz por algum motivo que a sociedade desconhece.