Viagens de Lula: PPS tem projeto que dificulta tráfico de influência e alerta para “mercador do PT”

Pé na porta – Um projeto do PPS que tramita na Câmara dos Deputados poderia dificultar o tráfico de influência envolvendo políticos e seus doadores de campanha. Essa promiscuidade é alvo rotineiro de denúncias da imprensa e nesta semana voltou às manchetes com as viagens para lá de suspeitas do ex-presidente Luiz Inácio da Silva ao exterior. Os roteiros do petista por países da África e da América Latina, que incluem palestras e encontros com empresários, são pagos por empreiteiras doadoras de campanha do PT e da presidente Dilma.

Pelo projeto do PPS (PL 2059/2011), elaborado por toda a bancada do partido no conjunto das discussões da reforma política, pessoas jurídicas ficam impedidas de fazer doações para as campanhas, que passam a ser financiadas com recursos definidos no Orçamento da União. A proposta abre apenas a possibilidade de doações de pessoas físicas, limitadas ao valor máximo de R$ 2 mil.

“Nós sabemos que há muita desconfiança da opinião pública e da sociedade em geral em torno do financiamento público de campanha. No entanto, os escândalos mais recentes de corrupção no país envolvem o financiamento privado, a relação promíscua entre os políticos e seus financiadores de campanha”, ressalta o líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR).

O parlamentar lembra que esses escândalos seguem sempre mesmo o modus operandi. “A empresa financia a campanha de determinado político ou partido. Depois, quando assume o governo, o prefeito, governador ou presidente acaba dando privilégio para as empresas que bancaram sua campanha. E aí é licitação fraudada, sobrepreço, superfaturamento e o mais deslavado desvio de recursos públicos. Temos o exemplo recente da construtora Delta, envolvida até o pescoço com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e falcatruas nas obras bilionárias do PAC do governo federal. Ou seja: o montante que se desvia nesses esquemas é exponencialmente maior do que o valor previsto para ser gasto com o financiamento público de campanha”, defende Rubens Bueno.

“Lula age como mercador do PT e de seus doadores”

Com relação às suspeitas em torno das viagens do ex-presidente Lula, o líder do PPS diz que, apesar de não haver, a princípio, nada de ilegal, a postura de Lula gera uma série de desconfianças. “É uma relação incestuosa de um ex-presidente, cujo partido está no poder e tem a chave do cofre, com empresas que são financiadoras de campanha do PT e da presidente Dilma. São essas mesmas empresas que vencem licitações, lançadas pelo governo petista, e recebem bilhões dos cofres públicos. E, agora, ainda contam com ajuda da diplomacia brasileira, a pedido de Lula, para fechar negócios no exterior”, alerta Rubens Bueno.

Questionado sobre a posição do Instituto Lula, que argumenta que o objetivo do ex-presidente é defender o interesse da nação e das empresas brasileiras no exterior, o líder do PPS não tangencia. “Na verdade Lula age como mercador dos interesses do PT e de seus doadores de campanha”, dispara Rubens Bueno.