Polícia Federal fará busca e apreensão em ONG suspeita de tráfico internacional de crianças

Degradação humana – Após o controverso depoimento do presidente da ONG Limiar Brasil, Ulisses Gonçalves da Costa, a Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara que investiga o tráfico de pessoas decidiu, entre outras medidas, pedir à Polícia Federal que cumpra um mandado de busca e apreensão no escritório da entidade, que fica em São Paulo.

A Limiar está registrada como associação sem fins lucrativos que mantém um orfanato, mas é suspeita de cobrar pela intermediação de adoções de crianças brasileiras para famílias dos Estados Unidos em processos polêmicos conduzidos pelo Judiciário do nosso país. Há registros de famílias de Santa Catarina e do Paraná que perderam a guarda dos filhos por meio de ações que contariam com a participação da Limiar.

Ulisses foi ouvido nesta terça-feira (9) pelos integrantes da CPI. Negou que a instituição presidida por ele tenha vínculo jurídico com a Limiar “U.S.A”, apesar de a ONG americana informar textualmente em sua página na Internet que atua, sim, na intermediação de adoções de crianças em território brasileiro desde 1984.

A CPI apura a informação de que cada família americana pagaria entre U$ 5 mil e U$ 8 mil para conseguir a guarda de cada menor. Segundo a Comissão Parlamentar de Inquérito, os processos estariam em total desacordo com o que preconizam o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código Penal Brasileiro.

As contradições do representante da Limiar irritaram o presidente da Comissão, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).

“É um absurdo: a sua instituição vira um escândalo e o senhor não tem conhecimento de nada”, disse o parlamentar diretamente ao depoente, após sucessivas tentativas de desvendar as ligações entre as duas ONGs.
Conforme as denúncias, aos interessados no exterior em adotar as crianças brasileiras eram oferecidos catálogos com fotos, características e outros detalhes dos menores.

O presidente da CPI disse que o depoimento de Ulisses Costa gerou indignação entre os parlamentares e incitou a Comissão a desvendar os verdadeiros objetivos da ONG.

“Há muito mais coisa dita pelo silêncio do que por aquilo que foi respondido por este senhor. Ou ele é absolutamente conivente ou protege uma rede perigosa com vínculo nos Estados Unidos”, declarou Jordy.

Segundo o deputado, o tráfico internacional de pessoas movimenta US$ 32 bilhões por ano.

Acareação

A CPI também fará a acareação entre o presidente da Limiar, Ulisses da Costa, e Audelino de Souza, um segundo personagem nesta história e que atuaria em nome da instituição nos processos de adoção para as famílias americanas. A denúncia foi mostrada em uma reportagem de uma emissora de TV no fim do mês passado.

Os deputados também decidiram fazer diligências nas cidades onde vivem os pais biológicos das crianças levadas para o exterior. A data da viagem será definida em reunião que a comissão realizará na quarta-feira (10), em Brasília.