Horacio Cartes vence eleição paraguaia e país deve retomar status no Mercosul

Direita, volver! – Após governar o Paraguai por sessenta anos, o Partido Colorado foi derrotado por Fernando Lugo em 2008, mas na eleição presidencial deste domingo (21) o candidato Horacio Cartes levou a legenda de volta ao poder.

Rico empresário do setor tabagista e acusado de lavagem de dinheiro e contrabando, Cartes derrotou o governista Efraín Alegre, que reconheceu o fracasso nas urnas. “Fizemos um esforço extraordinário. Não foi possível” vencer, admitiu o candidato liberal Alegre.

A Justiça Eleitoral do Paraguai ainda trabalha na contagem dos votos, mas pesquisa do First Analisis y Estudios aponta vitória de Cartes com 50,8% da preferência do eleitorado, contra 37% do candidato do Partido Liberal, Efrain Alegre. Pesquisa boca de urna do Institute for Communication and Art dá vitória a Cartes com 53,5% dos votos, contra 32,6% de Alegre.

Ao reconhecer a derrota, Efraín Alegre disse que o processo eleitoral foi “transparente e adequado”. “O povo paraguaio se pronunciou e nós respeitamos”, completou.

Mercosul e Unasul

Horas depois de Fernando Lugo sofrer um processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff liderou um movimento que culminou com a suspensão temporária do Paraguai como membro do Mercosul e da Unasul. À época, a mandatária brasileira alegou que Lugo não teve tempo para se defender e que a democracia paraguaia foi desrespeitada.

A manobra serviu para o ingresso da Venezuela no bloco econômico sul-americano, que aguardava um aval do governo paraguaio. O ingresso de uma nação no Mercosul depende da concordância de todos os países que integram o grupo.

Independentemente de o vencedor da eleição presidencial paraguaia ser um opositor ideológico de Dilma Rousseff, a vontade popular no vizinho país foi respeitada e o Paraguai deve ter restabelecido seu status de membro do Mercosul.

Fraude eleitoral

Não há como garantir que a corrida presidencial paraguaia tenha ocorrido longe das fraudes, mas o Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE) do país tem se esforçado para explicar o processo de votação aos mais de quinhentos analistas e observadores internacionais que estão no país.

Considerando que o Mercosul e a Unasul formam uma trincheira ideológica da esquerda latino-americana, os representantes dos países que integram os dois blocos se agarrarão à tese das fraudes, mas se isso acontecer o recém eleito presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também entrará na mesma alça de mira.

É preciso estar atento às próximas decisões do Mercosul e da Unasul, para que a eleição paraguaia seja tratada da mesma forma como a que garantiu a continuidade do chavismo na Venezuela. Do contrário, a Venezuela deve ser suspensa de ambos os blocos.