Economistas consultados pelo BC contrariam o ufanismo palaciano e apontam para tempos difíceis

Receita explosiva – Medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial deve chegar a 5,70% neste ano, de acordo com previsão dos analistas financeiros consultados semanalmente pelo Banco Central (BC). A estimativa divulgada na semana passada era 5,68%. Para 2014, a projeção também subiu, ao passar de 5,70% para 5,71%. Tais números conformam o fracasso do governo de Dilma Rousseff em relação à política econômica e a derrota dos palacianos no controle da inflação, acima do centro da meta (4,5%) e cada vez mais próxima do teto (6,5%).

Devido ao descompasso da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou, na última quarta-feira (7), a taxa básica de juro, a Selic, em 0,25 ponto percentual. Foi a primeira vez que o órgão elevou a Selic desde julho de 2011. O aumento está sendo considerado inócuo diante da resistência da inflação, o que faz com que os profissionais do mercado financeiro apostem em nova alta da Selic.

Inadimplência em alta

O governo continua teimando em reverter a crise econômica por meio do estímulo ao consumo, mas a inadimplência novamente joga água fria sobre os planos palacianos. De acordo com a Serasa Experian, em março o volume de cheques devolvidos registrou alta de 2,36%, índice 0,17 ponto percentual maior que o registrado no mesmo período de 2012, que ficou em 2,19%. Trata-se do maior percentual de cheques devolvidos por falta de fundos desde maio de 2009, que chegou a 2,52%.

Em números absolutos foram devolvidos cerca de 1,5 milhão de cheques em março, o que equivale a um acréscimo de 0,46 ponto percentual na comparação com fevereiro deste ano – quando 1,9% foram recusados. No acumulado do ano, o volume de cheques sem fundos também está levemente acima do registrado no mesmo período de 2012. O percentual passou de 2,04% para 2,09%.

Para os economistas da Serasa, a alta está relacionada à sazonalidade de março, período em que os consumidores estão envolvidos com a última parcela do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e com o parcelamento das despesas escolares. A empresa de consultoria aponta ainda que inflação no preço dos alimentos reduziu o poder aquisitivo dos salários, especialmente para classes de baixa renda, as quais utilizam mais intensamente esse meio de pagamento.

Crescimento em baixa

Os analistas financeiros consultados pelo BC mantiveram em 3% o índice de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano. De igual modo permaneceu inalterada a projeção de crescimento do PIB para 2014 (3,5%).

A expectativa para o crescimento da produção industrial passou de 3% para 2,86%, este ano, e de 3,80% para 3,75%, em 2014. A projeção para a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB permanece em 34,50%, em 2013, e em 33,50%, no próximo ano.

A expectativa para a cotação do dólar permanece em R$ 2, ao final deste ano, e em R$ 2,05, no fim de 2014. A previsão para o superávit comercial (saldo positivo de exportações menos importações) foi ajustada de US$ 10,64 bilhões para US$ 10,6 bilhões, este ano, e de US$ 12 bilhões para US$ 11,3 bilhões, em 2013. (Com informações da Agência Brasil)