Atentado de Boston: episódio serve de lição e autoridades devem ser mais cuidadosas

Olhos atentos – O grau de sofisticação que a polícia dos Estados Unidos vem exibindo nas investigações do atentado da Maratona de Boston chega a impressionar até mesmo os mais criativos roteiristas de filmes de ação, ao mesmo tempo em que surpreende pelo fato de as autoridades não terem acompanhado os passos dos irmãos chechenos Tsarnaev, acusados de serem os responsáveis pela tragédia.

Com a tecnologia e os recursos que os setores policiais dos EUA dispõem para investigar crimes e monitorar suspeitos, o atentado a bomba na capital do estado de Massachusetts foi um deslize sem precedentes.

E os americanos que não pensem que estão livres de episódios semelhantes, pois é enorme o número de terroristas que se escondem sob faces inocentes e comportamentos estranhos na Terra do Tio Sam. O fato de Tamerlan Tsarnaev ter permanecido longo período no Cáucaso e retornado aos Estados Unidos sem qualquer incômodo foi um capítulo fora do script da lógica.

Para autoridades policiais que conseguem chegar a detalhes mínimos durante as investigações, como a identificação do DNA de uma mulher na panela de pressão que abrigava uma das bombas e o desejo dos Tsarnaev de patrocinarem o atentado em 4 de julho – Dia da Independência dos EUA – ter deixado Tarmerlan (à esquerda na foto) e seu irmão, Dzokhar, agirem à vontade foi no mínimo coisa de amador.

O editor do ucho.info acompanhou de perto operações da polícia norte-americana em casos muito menos graves, mas em nenhum momento houve desatenção por parte das autoridades, que agiram com muita antecedência e precisão.

O que não se pode aceitar é a divulgação de nomes de pessoas que são consideradas suspeitas de participação no atentado, sem que as autoridades tenham certeza da acusação que fazem. No caso do atentado de Boston, um jovem que foi apontado equivocadamente como suspeito de participação no crime, mas depois foi inocentado, acabou morto. Não se sabe ao certo se foi assassinato ou suicídio. Por isso é preciso cuidado na condução das investigações e na divulgação de nomes, pois um erro pode colocar uma vida em risco.

Quem conhece as prisões federais norte-americanas logo conclui que é muito grande a vulnerabilidade do país em relação a ações terroristas. Pessoas originárias de países sem qualquer rigidez na emissão de documentos – e focadas no mal – entram e saem dos Estados Unidos com facilidade impressionante. E cada vez o fazem com nome e documentos distintos.

Em 2000, o ucho.info acompanhou um caso, na Justiça Federal da Florida, que tinha como alvo um cidadão estrangeiro entrou doze vezes nos Estados Unidos, cada vez com um nome diferente. Preso no Federal Detention Center, em Miami, o cidadão passava ordens à esposa, que morava em New Jersey, por meio de interlocutores. Não se trata de duvidar da capacidade das autoridades dos EUA, mas algo precisa ser feito para melhorar a triagem de suspeitos que chegam ao país em números impressionantes.