Manifestações perderam o viés da encomenda criminosa e revés surpreende o Palácio do Planalto

(Foto: Eduardo Knapp - Folhapress)
Tiro no pé – Os protestos em várias cidades brasileiras sofreram uma reviravolta. O que antes era um grupo de baderneiros de aluguel manipulando jovens que criticavam o aumento das tarifas de transporte, hoje é um movimento apartidário contra o status quo político que tem levado o País à degradação. Essa virada de posição a partir da incitação disfarçada que integrantes do governo federal deflagraram, na esperança de colocar a população contra a Polícia Militar paulista. A manobra desesperada faz parte do projeto de tomada de assalto do Palácio dos Bandeirantes, mas o tiro saiu pela culatra.

Diferentemente das apostas palacianas, os protestos abriram seus leques e açambarcaram todas as reivindicações da população, não apenas o aumento das tarifas de transporte em São Paulo, ação cuja fatura política acabaria no colo do governador Geraldo Alckmin.

Qualquer manifestação popular é justa e legítima quando respeita os limites da democracia. Ultrajar essas fronteiras é retirar força do pleito, que se perde em meio às críticas que inclusive mereceram espaço no ucho.info. O direito constituição à manifestação não é maior que o do cidadão que deseja ir e vir. De igual modo, qualquer movimento perde a legitimidade quando interrompe a Avenida Paulista, impedindo o acesso aos dez mais importantes hospitais da maior cidade brasileira.

O espetáculo de cidadania que os manifestantes paulistanos proporcionaram nesta noite de forma alguma pode ser corroído pela peçonha de declarações políticas que pululam em diversos pontos do País. Integrantes do staff do Palácio do Planalto estão atônitos e perdidos diante das manifestações, apesar de terem recebido ordens para minimizar o estrago a qualquer custo.

Preocupada com o resultado inesperado da operação deflagrada por seu partido no final de semana, a presidente Dilma Rousseff divulgou nota em que afirma que “as manifestações pacíficas são legítimas e próprias da democracia”. Se existe no Brasil alguém impedido de falar sobre democracia, este é Dilma Rousseff, que concorda de forma silenciosa com a truculência com que age seu partido nos bastidores. Não como falar em democracia quando o poder central compra votos por meio de esmolas sociais e programas populistas que são verdadeiras armadilhas.

Ainda fugindo da imprensa para não ser obrigado a falar sobre os muitos escândalos de corrupção em que esteve envolvido direta ou indiretamente, o ex-presidente Lula usou uma rede social para afirmar que vê com bons olhos as manifestações que ocorrem em todo o País, pois a democracia “não é um pacto de silêncio”. Lula não um grama de moral para falar em democracia, pois sempre foi o primeiro a se valer do “pacto de silêncio”. E há na recente história brasileira um sem fim de exemplos para provar que Lula é useiro e vezeiro do silêncio obsequioso, porque não afirmar que é criminoso. Entre os muitos episódios que Lula apostou no silêncio como forma de abafar escândalos estão o covarde e brutal assassinato de Celso Daniel, o Mensalão do PT, o Dossiê Cuiabá, o desmonte da Petrobras e o Rosegate.

Lula é um farsante profissional que tenta arrastar Dilma para uma eventual carona a ser pega nas reticências das manifestações desta noite histórica que sacode o País, mas é preciso que a sociedade esteja atenta e não esmoreça diante de qualquer movimento que ameace o movimento, que, mesmo tardio, pode ser o começo de uma grande mudança.

Ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso também aproveitou o momento para descer do muro. Disse FHC que rotular os protestos como “ação de baderneiros” representa “um grave erro”. Não opinião do ex-presidente, ‘dizer que (essas manifestações) são violentas é parcial e não resolve”. Fernando Henrique faz uma avaliação pontual, pois o que aconteceu antes desta segunda-feira foi vandalismo de encomenda, com o fim específico de desestabilizar politicamente o estado de São Paulo, alvo da cobiça do PT. O plano petista saiu do controle e reverteu contra seus idealizadores que continuam escondidos.

Mudar é preciso, mas não se pode abrir espaço para qualquer movimento que ameace a democracia, que no Brasil tem sido diuturnamente vilipendiada pela corrupção e pelo compadrio político. De anda adianta apostar em um regime autoritário de esquerda ou de direito, pois o Brasil carece de liberdade com responsabilidade. Faz-se necessário repensar politicamente o Brasil, algo que há muito defendemos sem que nos deem ouvidos.

Que a sociedade, cansada de tantos desmandos, não se deixe levar pelas pautas oportunistas de veículos de comunicação que passam regularmente pelo caixa do Palácio do Planalto para defender um governo corrupto e incompetente, cujo objetivo maior é socializar o caos. Em questão de dias alguns órgãos midiáticos mudaram a postura apenas porque não se pode perder o bonde da história e muito menos a audiência.

O ucho.info mantém sua posição em defesa da manutenção da ordem, pois com vandalismo qualquer reivindicação perde a legitimidade. Há pelo menos doze anos fazemos diariamente no site – de forma pacífica, responsável, inteligente e obstinada – o que milhares de manifestantes resolveram fazer nas ruas nesta segunda-feira (17), dia que pode se transformar em divisor de águas na história nacional recente. A grande questão no vácuo dos protestos é não esmorecer, acreditando que apenas um protesto organizado é suficiente para mandar os devidos recados a quem de direito. Reivindicar sempre, vandalismo jamais!