Elevação do preço da farinha de trigo em todo o País neutralizou a redução das tarifas de transporte público

Deu em nada – A população saiu às ruas para inicialmente protestar contra o aumento das tarifas de transporte, mas de nada adianta apontar o dedo na direção dos governantes se o brasileiro não se interessar pela política e deixar de acompanhar com atenção o cotidiano do País.

As manifestações começaram em São Paulo porque o objetivo do movimento era desestabilizar politicamente o governador Geraldo Alckmin, que continua tratando os adversários políticos como se estivesse na sacristia da igreja mais próxima, mas ação saiu do controle e acabou alcançando o PT, o maior interessado nos protestos. O tiro petista saiu pela culatra, mas os atuais ocupantes do Palácio dos Bandeirantes continuam sem saber o que fazer.

Enquanto os manifestantes, que agora começam a arrefecer os ânimos, festejam uma conquista pontual e praticamente inócua, a realidade econômica nacional devora os polêmicos R$ 0,20 que foram cortados do preço das passagens de ônibus, metrô e trem. A única vantagem dessa redução foi a possibilidade de testar a fragilidade da classe política brasileiras, que não suporta mais do que duas semanas de manifestações seguidas.

Tão necessário quanto o transporte público do dia a dia, o pãozinho vem subindo de preço sem que a população perceba. Nos últimos três meses, a farinha de trigo registrou alta de 20%, resultado da desvalorização cambial e do aumento do preço do produto no mercado internacional. A situação deve piorar com a recente decisão do governo argentino de proibir a exportação de farinha de trigo.

Panificadores em todo o Brasil já compram farinha de trigo mais cara e devem repassar esse custo ao consumidor. A expectativa é que em breve o pão deve sofrer aumento de até 15%, dependendo da região do País.

Ciente do que ocorre no mercado de trigo, o governo mostra sua insensibilidade ao leiloar estoques do produto a preços de mercado, o que mantém a inflação na seara do descontrole. Fora isso, o comprador tem de enfrentar o alto custo do transporte da mercadoria, que na região sudeste chega a R$ 100 por tonelada. Contra esse comportamento míope do governo não há quem queira protestar.