Sarney trata pneumonia no Sírio-Libanês, mas em Macapá paciente morre no chão de UTI

Face lenhosa – Exigir que a coerência prevaleça no universo da política brasileira, principalmente, é tarefa impossível. Até porque, a atividade política por si só é o contínuo exercício da coerência, exceto no período de campanha eleitoral, quando todos são absolutamente bons e preocupados com a população.

Ex-presidente da República e senador pelo Amapá, o peemedebista José Sarney ocupou o noticiário nos últimos dias por conta de uma infecção pulmonar. Internado na madrugada do último domingo (28) após sentir-se mal durante a nababesca festa de casamento de uma de suas netas (filha de Fernando Sarney), o senador foi submetido a exames no Hospital UDI, em São Luís, onde permaneceu até a manhã de quarta-feira (31).

O UDI é um hospital particular, afinal esses magnânimos políticos não têm coragem de recorrer ao SUS, mas José Sarney, não confiando nos médicos de sua terra natal, que atualmente é governada por Roseana Sarney, rumou para São Paulo. Tão logo chegou à capital dos paulistas, o senador seguiu para o renomado Hospital Sírio-Libanês para nova avaliação médica e exames. Os médicos decidiram pela internação do parlamentar, cujas despesas médicas serão pagas pelo Senado Federal, ou seja, com o suado dinheiro do contribuinte brasileiro.

Enquanto Sarney está internado no concorrido Sírio-Libanês, no Amapá, estado pelo qual o maranhense se elegeu ao Senado, um paciente que era atendido no chão de uma unidade de terapia semi-intensiva morreu em decorrência de parada cardíaca. A morte do paciente ocorreu no momento em que o Conselho Regional de Medicina do Amapá (CRM-AP) e o Sindicato dos Médicos do Amapá realizavam uma vistoria no Hospital de Emergências de Macapá.

Um paciente grave não é atendido no chão de um hospital porque os médicos são irresponsáveis ou querem dar contornos bizarros à profissão. Essa situação é reflexo da falta de investimentos de recursos públicos no setor de saúde.

O parlamentar, seja quem for, é eleito para defender os interesses do povo e também do estado que representa. José Sarney candidatou-se pelo Amapá para não inviabilizar o projeto totalitarista de poder do clã que lidera no Maranhão. Tivesse concorrido ao Senado por sua terra natal, o caudilho Sarney atrapalharia os planos políticos da filha Roseana Sarney, que antes de protagonizar um espetáculo vergonhoso como governadora exercia mandato de senadora.

José Sarney é um conhecido filhote da ditadura, que finge ser democrata enquanto aplica os ensinamentos da era plúmbea no mais miserável estado brasileiro. No Maranhão é grande a quantidade de escândalos com a rubrica dos Sarney, que beira o inexplicável o fato desses integrantes serem eleitos e reeleitos. O que mostra que a política é não apenas a arte da incoerência, mas também o ofício do enganador.