Presidente do Cade se enrola para justificar conduta na investigação de cartel, mas não convence

Pano quente – Cada vez que o governo petista de Dilma Rousseff tenta explicar a investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre formação de cartel em licitações de trens metroviários e ferroviários em São Paulo, a situação fica pior.

Presidente do Cade, Vinícius Duarte de Carvalho, que é sobrinho de Gilberto Carvalho (secretário-geral da Presidência), disse nesta sexta-feira (16) que não aceita a acusação de que o órgão age como polícia política, de acordo com declaração do chefe da Casa Civil do governo paulista, Edson Aparecido. O que Vinícius de Carvalho finge não compreender é que a questão em si não está na investigação, mas na forma como o órgão vem conduzindo o processo.

“Posso dizer que é um caso prioritário da Superintendência Geral, até porque, quando se trata de uma busca e apreensão, autorizada pelo judiciário, você acessa documentos das empresas, isso envolve outros tipos de sigilo, fiscal, bancário, e a gente tem que separar. O Cade não está investigando outras coisas que não a denúncia de cartel”, afirmou Carvalho.

No momento em que o Cade vaza a veículos da imprensa, de forma sistemática e seletiva, informações sobre o caso e impede o acesso do governo de São Paulo aos documentos, fica caracterizado o jogo sujo e covarde, típico do Partido dos Trabalhadores quando enfrenta uma crise ou cai em desgraça junto à opinião pública.

A legislação brasileira é clara ao discorrer sobre o amplo direito de defesa, um dos pilares da democracia. Acusar sem provas, mesmo que por vias transversas, sem dar ao acusado o direito de se defender é golpe dos mais baixos. Se o PT só sabe existir dessa maneira, que continue assim, mas assuma que atua de forma criminosa para intimidar os adversários.

Esse tipo de conduta não é novidade para os que acompanham a política nacional. O PT agiu assim nas eleições presidenciais de 2006 e 2010, se valendo de boataria barata e violação do sigilo fiscal de adversários. O mais interessante é que o discurso do presidente do Cade não combina com a postura do PT, que na última década se especializou em abafar escândalos de corrupção protagonizados por companheiros e apaniguados

Vinícius de Carvalho tem o direito constitucional de falar o que bem quiser, em especial à Rede Globo, que tem colaborado de maneira vergonhosa para a divulgação das informações que vazam do Cade, mas não pode querer que os brasileiros de bem acreditem em tão falsa declaração. Ainda é cedo, mas Carvalho por certo será recompensado por ter proporcionado ao partido condições para acusar sem provas o governo de São Paulo.