Queda no emprego da indústria mostra que o governo mente diante de futuro que nada tem de sombrio

Horizonte escuro – O emprego no setor industrial caiu 0,2% em julho na comparação com o mês anterior, conforme mostram os resultados da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário, divulgados nesta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao mesmo mês do ano passado, julho teve queda de 0,8%, configurando o vigésimo segundo resultado negativo na comparação.

Em 2013, o contingente de pessoal ocupado na indústria acumula queda de 0,8% ao longo de sete meses, com taxas negativas em 11 dos 14 locais pesquisados e em 13 dos 18 setores consultados. Pressões negativas para a taxa acumulada vieram principalmente das quedas no Nordeste (4,3%), no Rio Grande do Sul (2,4%), em Pernambuco (7,4%), na Bahia (5,3%) e em São Paulo (0,3%). Em julho, com a exceção de São Paulo, os mesmos locais foram os que os exerceram pressões negativas.

Os estados do Paraná, com alta de 0,9%, e de Santa Catarina, de 1%, foram os que mais contribuíram para elevar a taxa de pessoal ocupado. No mês de julho, a indústria catarinense foi a que mais puxou o índice para cima, com um avanço de 1,3%, fundamentado no crescimento de setores como borracha e plástico, produtos de metal e máquinas, além de equipamentos.

Os setores que acumulam as quedas mais relevantes no índice em 2013 são calçados e couro (5,4%), vestuário (3,7%), outros produtos da indústria de transformação (4,2%) e produtos têxteis (3,7%). Alimentos e bebidas, com crescimento de 1,9%, e borracha e plástico (2,9%) puxaram o emprego industrial para cima.

Em doze meses, o pessoal ocupado na indústria acumula queda de 1,1%, a mesma taxa do mês passado. Se comparada ao dos meses anteriores a junho, no entanto, o ritmo de queda perde intensidade: fevereiro (1,5%), março (1,4%), abril (1,3%) e maio (1,2%).

Esse cenário, de extrema preocupação, coloca na vitrine da verdade o perfil frágil de uma economia que o governo petista de Dilma Rousseff insiste em afirmar que está sob controle e em fase de retomada. No momento em que a indústria não consegue gerar novos postos de trabalho e encontra dificuldades para manter os já existentes, é porque a política econômica adotada pelo governo está eivada de equívocos, os quais estão sendo camuflados como forma de garantir a reeleição da presidente em 2014.

Entre todos os setores analisados pelo IBGE, o que mais assusta é o da indústria de transformação, que acumular queda de 4,2%, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário. Se tal setor industrial (transformação) registra recuo no índice de empregos, não demorará muito para que os setores anterior e posterior na linha de produção da indústria repitam o desempenho.

Dilma Rousseff e o ainda ministro Guido Mantega, da Fazenda, têm aproveitado qualquer pequena oscilação positiva para embasar os discursos ufanistas do governo, mas é preciso tratar o tema com muita responsabilidade e cautela, pois a verdade dos fatos é traduzida por incontestáveis e temerosos números da economia nacional, que não pode mais creditar ao mercado internacional a culpa pela crise que eminentemente brasileira. (Com informações da ABr)