Bate-boca entre Jair Bolsonaro e Randolfe Rodrigues mostra que o Brasil está no caminho do equívoco

(Márcia Foletto - Agência O Globo)
Fio desencapado – Democracia é, entre tantas situações, o equilíbrio das forças políticas, mas há quem de forma atabalhoada entenda tal situação como o direito de se atropelar ideologicamente um adversário. É lamentável imaginar que o Brasil retomou o retrocesso político, mas isso só acontece porque o extremismo, de esquerda e de direita, tem sido contemplado como a única solução para os desmandos que tomam conta do País.

Nesta segunda-feira (23), o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) protagonizaram uma áspera discussão diante do prédio do antigo DOI-Codi, no Rio de Janeiro, e que atualmente abriga o 1° Batalhão de Polícia do Exército, no bairro da Tijuca, na Zona Norte carioca. O entrevero ocorreu quando integrantes da Comissão da Verdade do Senado e do Rio se preparavam para visitar o prédio, local de torturas durante o período da ditadura militar.

Bolsonaro, que não integrava qualquer das comissões, insistiu em acompanhar a visita, mas antes de adentrar ao prédio foi impedido por Randolfe Rodrigues e pelo também senador João Capiberibe (PSB-AP). O senador do PSOL disse aos jornalistas que recebeu um soco de Bolsonaro, que o teria atingido na região do estômago. Antes disse, os dois parlamentares trocaram ofensas.

Esse tipo de situação é decorrente da tentativa da esquerda brasileira de ultrapassar o objetivo estabelecido pela Comissão da Verdade, que é resgatar a história. Contudo, o que de fato a esquerda brasileira busca é levar os responsáveis pela era plúmbea ao julgamento da opinião pública, sem ao menos adotar a isonomia como forma de análise dos fatos. Ao não considerar os equívocos cometidos pela esquerda de então, a tal Comissão só pode ser classificada como da “meia verdade”, uma vez que se nega a contemplar a outra parte da história.

Como sempre alertamos, o ucho.info não está a defender a ditadura militar e a criticar a ação da esquerda, mas apenas quer que o tratamento dado a esse período da história brasileira seja isonômico. Sem isso fica claro que a Comissão da Verdade é um instrumento revanchista que serve para preparar o terreno para um golpe que transformará o Brasil em versão agigantada da vizinha e combalida Venezuela, que há muito é corroída pelo utópico bolivarianismo.