Leilão de Libra é cercado por operação de guerra e pode ser o último do pré-sal no atual modelo

Fora de órbita – É no mínimo estranha a forma como o governo federal está lidando com a questão da segurança do leilão do Campo de Libra. Localizado na camada pré-sal, que acontecerá na tarde desta segunda-feira (21) em um hotel da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Para evitar protestos de manifestantes que são contra o leilão, uma vez que o negócio é considerado um crime de lesa-pátria, o Palácio do Planalto adotou um esquema de guerra no local. Contingentes do Exército, da Força Nacional de Segurança, da Polícia Federal e das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro já fazem a segurança no entorno do hotel onde ocorrerá o leilão.

O esquema é tão forte, quem um navio de guerra da Marinha brasileira está estacionado na praia da Barra da Tijuca, defronte ao hotel que servirá de palco para o leilão que começa às 14 horas desta segunda-feira. A polêmica sobre o leilão do Campo de Libra passou a crescer depois que três das maiores empresas petroleiras do planeta desistiram de participar da disputa: a norte-americana ExxonMobil e as inglesas British Petroleum (BP) e British Gas (BG). Pedidos para o leilão fosse suspenso surgiram após a denúncia ainda não comprovada de que e-mails da Petrobras teriam sido violados pela Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA), de acordo com informações de Edward Snowden.

Enquanto é precipitado prever o que pode ocorrer em termos de manifestações, uma coisa já é certa. Um experiente agente da Polícia Federal, em conversa com o ucho.info, disse estar preocupado com a determinação do governo de Dilma Rousseff para que integrantes da corporação fossem enviados para o Rio a fim de fazer a segurança do local. Disse o tal agente que os policiais federais não são treinados para esse tipo de tarefa, a de enfrentar manifestantes.

Disputa de um só

Nas últimas horas cresceram as especulações sobre a possibilidade de o leilão do Campo de Libra receber apenas uma proposta, de consórcio liderado por duas estatais chinesas do setor de petróleo, em conjunto com a Petrobras.

Como noticiamos em edições anteriores, a China tem uma necessidade cada vez maior de garantir o fornecimento de petróleo para não comprometer o crescimento da economia. Isso tem ficado claro em vários contratos de fornecimento, como o firmado coma Venezuela, que recebeu adiantado polpudos aportes financeiros, sendo que o pagamento, já iniciado, se dá com o fornecimento escalonado de petróleo.

Fora isso, a China, para fazer contraponto para os Estados Unidos, busca melhor posicionamento geopolítico na América Latina. Para isso os chineses aproveitam o alinhamento ideológico, uma vez que a América Latina passa por uma preocupante lufada comuno-socialista, que tem patrocinado a débâcle de muitas economias regionais.

Saída forçada

O primeiro leilão do pré-sal pode ser o último a ocorrer dentro das atuais regras. Isso porque a Petrobras estuda a possibilidade de abrir mão dos direitos de participar de leilões futuros na condição de operadora única e dona obrigatória de pelo menos 30% do consórcio vencedor.

Isso se deve ao fato de que a petrolífera brasileira passa forte turbulência financeira, decorrente, dentre outros fatores, da política econômica equivocada dos governos do Partido dos Trabalhadores. Diante dessa situação, a Petrobras tem encontrado sérias dificuldades para cumprir seu plano de investimentos, que é da ordem de R$ 236 bilhões. Resumindo, o que era um “privilégio” passou a ser um enorme “peso”.

Essa obrigatoriedade em relação à Petrobras foi o motivo que mais influenciou na decisão da ExxonMobil, da BP e da BG de não participarem do leilão do campo que está localizado na Bacia de Santos. As três gigantes do setor temem não apenas as dificuldades da Petrobras, mas o viés cada vez mais intervencionistas do governo petista de Dilma Vana Rousseff.