Escândalo de corrupção envolvendo fiscais da prefeitura de SP deve fazer muitas vítimas na seara política

Queda de braços – Os estragos decorrentes da fraude ao ISS, na cidade de São Paulo, estão apenas começando. Enquanto gravações vazam de forma homeopática e direcionada, mostrando os auditores fiscais fazendo ameaças e revelações bombásticas, nos bastidores crescem as negociações entre políticos que tentam escapar do imbróglio. Ao mesmo tempo, os acusados começam a ser assediados para, nos depoimentos, prejudicarem um ou outro político.

Sórdido, o esquema tem como alvo as disputas eleitorais de 2014, quando o Partido dos Trabalhadores tentará tomar de assalto o governo de São Paulo, o mais rico e importante estado da federação. Para o PT, conquistar o Palácio dos Bandeirantes é uma questão estratégica para avançar em seu projeto totalitarista de poder.

Nessa briga imunda e rasteira está, de um lado, o ex-prefeito Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, que no cenário paulistano tenta descolar sua imagem da administração do petista Fernando Haddad. Esse capítulo é resultado do projeto de Kassab de concorrer ao governo paulista com o apoio do PT, algo que não acontecerá porque Lula já decidiu que o candidato da legenda será Alexandre Padilha, ministro da Saúde.

No cenário nacional, Gilberto Kassab e o seu PSD continuam, pelo menos por enquanto, apoiando o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff. Tanto é assim, que Guilherme Afif Domingos, vice-governador de São Paulo e filiado ao PSD, continua ministro das Micro e Pequenas Empresas, pasta nanica e de orçamento idem.

No outro vértice da briga está o prefeito Fernando Haddad fazendo o papel de gladiador petista, missão que lhe foi imposta por Lula. Ainda sem mostrar a que veio, Haddad também enfrenta as reticências do escândalo que, de acordo com o Ministério Público, fraudou os cofres municipais em R$ 500 milhões.

Considerando que política é negócio – por isso elimina os inocentes e bem intencionados –, o prefeito foi alvejado por duas graves denúncias saídas do escândalo. A primeira delas é que o seu secretário de Governo, o petista Antonio Donato, teria recebido R$ 200 mil como doação de campanha de um dos fiscais acusados e presos.

A segunda denúncia, tão ou mais grave que a primeira, é que a mulher do secretário municipal de Transportes, o também petista Jilmar Tatto, é sócia de um dos acusados de fraude, em empresa que tem como endereço a residência do próprio assessor de Haddad.

Esse reboliço em que se transformou o caso da cobrança de propina de empresas de empreendimentos imobiliários tem todos os ingredientes para mandar para a cadeia os envolvidos, mas é preciso levar em conta que o Brasil está a anos-luz de ser um país minimamente sério. Em algum momento a disputa política que acontece de forma covarde nos bastidores será sufocada por um acordo espúrio, como muitos dos que acontecem diariamente no País.