Cardozo se equilibra no caso Siemens, mas deveria explicar a “fuga” de Pizzolato por Guarulhos

jose_eduardo_31Clima tenso – O final de semana deu uma trégua na queda de braços que se formou a partir do caso Siemens, depois que descobriu-se que os documentos enviados à Polícia Federal pelo ministro José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça, foram grosseiramente adulterados. A fraude é tão escandalosa, que qualquer estreante em curso de língua inglesa é capaz de perceber a tradução pífia e tendenciosa.

O ucho.info não está a defender eventuais atos de corrupção praticados por integrantes desse ou aquele partido, mas, sim, a isonomia na apuração dos fatos e o repúdio aos dossiês fabricados pelo PT em temporada pré-eleitoral. Assustados com a possibilidade de Dilma Rousseff ter problemas na campanha pela reeleição e de olho no Palácio dos Bandeirantes, o PT trabalhar diuturnamente para atingir o PSDB e seus aliados. Essa sanha ficou clara no caso do incêndio que destruiu parte do Memorial da América Latina, em São Paulo, que foi rapidamente transformado em disputa entre petistas e tucanos.

Encurralado diante de uma farsa escandalosa, Cardozo reuniu-se com Dilma e assessores, no Palácio do Planalto, de onde saiu com a incumbência de reagir a ponto de conseguir sufocar a gritaria promovida pelo PSDB. Foi então que o ministro da Justiça passou para o ataque, não sem antes se enrolar em suas próprias declarações.

José Eduardo Cardozo tem afirmado, sem convencer, que solicitou à Polícia Federal que investigasse o caso, mas o que se vê é a criação, pelo governo do PT, de um perigoso Estado policialesco. É importante destacar que a PF, que tantos relevantes serviços presta ao País, é uma polícia de Estado, não de governo como querem os petistas palacianos.

Enquanto se presta ao ridículo papel de agente de um governo inoperante e caótico e de um partido especialista em corrupção, Cardozo empurra para a vala do esquecimento o caso da fuga do mensaleiro Henrique Pizzolato, que de acordo com registros da PF se deu através do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

A notícia causou um enorme constrangimento na cúpula da Polícia Federal e no Palácio do Planalto, com direito a declarações de que punições aconteceriam em questão de horas, uma vez que o autor da fraude havia sido identificado. Acontece que até agora não se tem notícia de que alguma providência tenha sido tomada para solucionar o caso.

Na verdade, o serviço de imigração nos aeroportos brasileiros, que controla a entrada e a saída de passageiros, está a cargo de funcionários terceirizados e sem nenhuma experiência policial para identificar supostas transgressões por parte dos viajantes. O que se vê no Aeroporto de Guarulhos é um descaso enorme em relação à segurança, pois passageiros que desembarcam no maior terminal do País são recebidos por pessoas sem preparo ou treinamento.

Há dias, uma passageira desembarcou em Guarulhos e a atendente do setor de imigração apenas perguntou o número do voo que partiu da Tailândia. A passageira perguntou se não era necessária a apresentação da passagem e do passaporte, mas ouviu que bastava informar o número do voo. Isso significa que qualquer pessoa que tenha um mínimo de conhecimento de aviação pode enganar o serviço brasileiro de imigração.

O ministro da Justiça deveria deixar esse serviço menor que lhe encomendou o PT e se dedicar à segurança dos aeroportos brasileiros, cada vez mais reféns da vulnerabilidade. A Copa do Mundo se aproxima e o Brasil não está livre de ser palco de uma tragédia, que poderia ser evitada se o governo central fosse minimamente sério e responsável. Mas quando um governante se preocupa em ordenar aos seus assessores a produção de dossiês contra adversários, não há muito que esperar. Como disse um conhecido comunista de botequim, “nunca antes na história deste país”.