Esqueletos da CPI do Cachoeira continuam no armário e podem causar terror no Palácio Planalto

adir_assad_01Fantasmas à solta – Faltando pouco para o “enterro” da CPI do Cachoeira completar um ano, o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), voltou a criticar a manobra do PT e da base aliada do governo, em 2012, para encerrar de forma precoce e rápida os trabalhos da comissão, quando as investigações tomavam rumo para a identificação dos doadores “ocultos” da campanha presidencial de Dilma Rousseff.

Uma das personagens do intrincado esquema de caixa 2 de campanha e pagamento de propina a agentes públicos, o empresário Adir Assad, é tema da reportagem de capa da mais recente edição revista da Veja. Assad teria faturado, de acordo com a publicação, R$ 1 bilhão – e não R$ 200 milhões, como suspeitavam então os integrantes da CPI – prestando serviços de financiamento clandestino de candidatos para empreiteiras, entre elas a Delta Construção (pivô do escândalo), bancos, consórcios e consultorias.

“Quase um ano depois do fatídico dia em que a CPI do Cachoeira foi enterrada [no dia 18 de dezembro] pelo PT e seus aliados, os esqueletos continuam intactos no armário. Ao deixar de investigar a fundo os corruptores e corrompidos desse abominável esquema de corrupção, a CPI não cumpriu integralmente com seu papel”, lamentou Bueno, que foi membro do colegiado.

A tarefa da retirada dos “esqueletos do armário”, segundo o parlamentar, cabe agora ao Ministério Público Federal, ao qual a oposição encaminhou relatório paralelo das investigações. O documento foi subscrito pelos deputados federais Rubens Bueno, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Chico Alencar (PSOL-RJ) e pelos senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-RR).

Voto em separado

O PPS também apresentou voto em separado ao relatório oficial da CPI (clique aqui e leia) em que destaca uma série de pontos que deixaram de ser investigados, como os repasses da Delta para empresas de fachada do Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás, o crescimento de seus negócios com o governo federal após contratação de consultoria do ex-ministro José Dirceu, remessas suspeitas ao exterior e ligação do empresário Marcelo Limírio com a quadrilha.

No documento, o líder do PPS também menciona o “silêncio ensurdecedor” dos depoimentos prestados à CPI pelo então dono da Delta, Fernando Cavendish, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e de Adir Assad, citado no documento do PPS como “proprietário das empresas integrantes do esquema Delta”. “A reportagem da revista Veja não deixa dúvidas da necessidade de que o senhor Adir Assad seja ouvido pelo Ministério Público”, defendeu Bueno.

Representação

O voto em separado foi encaminhado ao MP com pedido de representação dos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção que são citados no documento do PPS. “É dever de ofício do Ministério Público aprofundar as investigações e apontar os culpados”, cobrou o líder do PPS.