Candidato do presidente do PEN se compara à Princesa Isabel e garante que manda no partido

bertolino_almeida_01Tiro de espoleta – Garante a sabedoria popular que quanto mais se reza, mais assombrações aparecem. E na política brasileira a situação não é diferente. Na verdade, a política verde-loura mais parece um trem-fantasma dos pretéritos parques de diversões. Quem acreditava já ter visto tudo no âmbito político, por certo não conhece o pré-candidato improvisado pelo presidente do PEN para barrar a candidatura de Denise Abreu à presidência da República.

Sem apoio político, sem vivência eleitoral, visivelmente imaturo e se dizendo “milionário”, “dono de jatinho”, amigo dos “coronéis da política mineira”, “dono de uma holding”, com “passe livre na ANATEL”, eis o patológico Bertolino Ricardo Almeida, que seria cômico se não fosse trágico. Patológico, porque o próprio já se comparou à Princesa Isabel, levando a crer que foi levado ao PEN pela embriaguez ou por confundir o número do partido, 51, com a aguardente 51. O que não significa que a escolha tenha sido uma boa ideia, como destaca o slogan da a popularíssima cachaça.

Suas propostas, absurdas, envolvem o que ele compreende como tecnologia e são parodiadas em um festival de gozações: “vamos implantar um chip em cada mosquito da dengue para acabar com a epidemia”, “vamos acabar com a seca distribuindo gratuitamente protetor de tela com fotos de carros pipas”, “sou dono do Banco do Vaticano e comprei os cardeais na eleição do Papa.”

Almeida deixa ainda correr boatos que comprou o PEN-MG para o deputado estadual Fred Costa, que pagou o comitê de campanha para o finado Marcelo Déda, que sugeriu a Marina Silva o nome “Rede Sustentabilidade” e que patrocinará a eleição de “150 deputados no Congresso Nacional”. Está claro que ele pode ser tudo, menos sério, pois age como um comediante contratado.

Se Almeida é mesmo milionário como diz, por certo o país está diante de um caso que a Receita Federal deveria investigar, pois tudo o que consta em seu nome é uma sociedade como gerente-comercial em uma microempresa, a “Minas Mais Telecom”, que revende a licença da ANATEL e diz atuar em 19 estados brasileiros, com várias reclamações pela qualidade do serviço no site “Reclame Aqui”. Em uma delas, o próprio Almeida respondeu de forma grosseira, fazendo críticas preconceituosas contra os nordestinos. Sabe-se ainda que Almeida colocou um preposto para responder à ação que tramita na Justiça do Trabalho em Sergipe.

A própria Denise Abreu, em diversas ocasiões, já socorreu o “adversário”, pedindo desculpas pela falta de educação desse desconhecido milionário que parece ter parentesco com Aladim e responde sempre com doses de truculência aos menores questionamentos dentro do PEN.

De forma até previsível, o criador já começa a desconfiar da criatura. “O professor Bosco fez uma carta para o Bertolino e publicou nas redes sociais. Adilson não gostou da forma amistosa que trataram Bertolino. E agora já teme que possa ser mais uma vez passado para trás como fizeram com ele no PSC-SP”, comentou sem querer um primo de Adilson Barroso, para quem Almeida não perdoa o presidente da legenda por não ter aparecido no programa nacional do PEN, em 21 de novembro.

Pelo menos, as diatribes deste rapaz servem para clarear quem é Adilson Barroso. “Adilson tem esse modus operandi. Lança um nome conhecido para tentar entrar na mesa de negociação com os adversários dos nomes que lança. E o que sair da conversa é lucro. Tentou fazer isso com Marina, tenta fazer isso com Denise Abreu, mas quebrou a cara e está se dando mal. Ele é tão louco que imaginou aplicar o mesmo truque lançando Joaquim Barbosa, para subir a rampa do Palácio do Planalto levado pela presidenta Dilma”, confessa um funcionário na Assembleia Legislativa, onde Adilson Barroso trabalha em função desconhecida.

Adilson, assim como o seu pré-candidato, ignora mexer com gente muita séria e que isso pode lhes custar muito caro. “São dois desavisados sem freio. Estão brincando com fogo ou confundiram cana com canavial”, diz um policial federal filiado ao PEN indignado.

De fato, a falta de noção pode ser comprovada no anúncio da candidatura ao Governo do Estado de São Paulo. Adilson divulgou que Felipe Locke Cavalcanti presidente reeleito da Associação do Ministério Público de São Paulo, seria o candidato do PEN-SP ao Palácio dos Bandeirantes. Locke, entretanto, negou em outubro qualquer possibilidade de sair candidato e que sequer se filiou a alguma legenda. O promotor disse que foi procurado pelo PEN e por outros partidos, mas que descartou a tese. Locke foi um dos líderes do movimento contra PEC37, que propunha limitações ao poder de investigação do Ministério Público. “Adilson lançou Locke para conseguir acesso ao governo”, comenta o funcionário da Assembleia paulista.

Enquanto aparece em fotos ao lado de figurões como Renan Calheiros, Edson Lobão, Aécio Neves, Adilson Barroso segue de forma abusada e serelepe em sua bisonha trajetória política, como se fora uma cabeça ao sabor do vento, uma biruta de aeroporto, envolvendo na sua nebulosidade políticos regionais com trajetória ascendente, como o senador sergipano Eduardo Amorim, o deputado estadual mineiro Fred Costa, o deputado estadual acreano Astério Moreira e o deputado estadual paraibano Ricardo Marcelo.

Astério Moreira é o líder do governo petista de Tião Viana no Acre. Ricardo Marcelo é o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba. Por causa disso, o PEN tem oito deputados estaduais no Acre e seis na Paraíba. Certamente, nenhum dos dois sabe que a folha corrida do presidente nacional do PEN tem seis páginas nos sistemas Prodesp, Infoseg, Infocrim e no próprio site do TJ-SP.