Padilha apostou na impunidade ao firmar convênio com ONG fundada pelo pai, mas posa de inocente

alexandre_padilha_08Fingindo de bobo – O descaramento que impera na Esplanada dos Ministérios é enorme. E nem mesmo em ano eleitoral os políticos se preocupam com escândalos. De saída do Ministério da Saúde para se candidatar ao governo do mais importante estado brasileiro, São Paulo, o petista Alexandre Padilha foi alvo de grave denúncia envolvendo uma ONG (Koinonia-Presença Ecumênica e Serviço) que tem o seu pai, Anivaldo Padilha, entre os fundadores.

A Koinonia firmou convênio com o Ministério da Saúde no apagar das luzes da gestão de Alexandre Padilha, assunto que só veio ao conhecimento público por conta da imprensa. Pressionado pela direção do PT, e também pelo núcleo duro do Palácio do Planalto, o ministro anunciou na quinta-feira (30) que o referido convênio será cancelado.

“Para poupar a instituição de qualquer exploração política, eu tomei a decisão hoje de solicitar ao jurídico do ministério a tomar todas as medidas legais possíveis para cancelar esse convênio”, afirmou o ministro durante evento na capital paulista.

Alexandre Padilha alegou que seu pai não recebe qualquer remuneração da ONG desde 2009 e que o convênio foi firmado seguindo “todos os procedimentos regulares”. O petista também afirmou que nenhum recurso foi repassado, até então, à Koinonia.

“É uma ONG criada há 20 anos por fundadores como Betinho, Rubem Alves, meu pai, dentre os associados fundadores. Ela passou por todo o procedimento legal, foi edital público, teve propostas da Koinonia que foram aceitas tecnicamente, outras não”, disse o ministro.

Padilha lembrou que a ONG já firmou convênios com o poder público, inclusive com políticos do PSDB, caso de convênio selado com José Serra, à época em que o tucano estava á frente do Ministério da Saúde. “Eu sei que, por eu estar saindo do Ministério da Saúde, eu vou entrar numa missão de… cada ato vai querer ter exploração política”, declarou.

Alexandre Padilha não é inocente e sabe muito bem como funciona o jogo da política. O que ele não deve fazer é abusar do “mocismo” e posar de injustiçado pelos adversários. O seu partido, o PT, age de maneira sórdida e covarde, mas não aceita ser repreendido quando comete transgressões.

Não é preciso qualquer dose extra de inteligência para saber que o assunto viria à tona e que acabaria na mira da maledicência adversária. Fato é que o ministro sabia o que estava fazendo e arriscou, apostando na impunidade. Acontece que em ano eleitoral sobram em todas as esferas do Estado, como um todo, pessoas dispostas a fazer denúncias das barbaridades cometidas por políticos. E nessa temporada prevalece a velha tese de que à mulher de César cabe não apenas ser honesta, mas parecer como tal.