Maria do Rosário envia mensagem ao ucho.info contestando matéria sobre morte de cinegrafista

maria_rosario_13Rompendo o silêncio – Em mensagem enviada ao ucho.info, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes, informou, por meio de sua assessoria, que considera “injustas as críticas” que constam de matéria desta site sobre a morte do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, da Rede Bandeirantes, atingido na última quinta-feira (9) por artefato explosivo arremessado por manifestantes que protestavam no Centro do Rio de Janeiro contra o aumento da tarifa de ônibus.

Maria do Rosário destaca que “vem se pronunciando em seu Twitter oficial (@_mariadorosario)” sobre o tema. “Ontem, assim que foi noticiada a morte cerebral do cinegrafista, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República divulgou a seguinte nota” (clique e confira a nota), destaca a mensagem assinada pelo jornalista Luís Felipe Peracchi.

Ultrapassa as fronteiras do razoável o fato de um ministro de Estado usar apenas um microblog para emitir opinião acerca de assuntos graves e que envolvem a violação dos direitos humanos. Nem mesmo em sonho, no mais dourado deles, 140 caracteres são suficientes para abordar uma tragédia cuja explicação, qual seja, exige milhões de palavras.

Este site acolhe e publica abaixo a mensagem enviada pela ministra, mas está mantida nossa opinião sobre o silêncio covarde de Maria do Rosário diante da tragédia que tirou a vida de Santiago Andrade, pois nem toda a população do País tem conta no Twitter. A tecnologia à disposição do homem deve ser utilizada por todos e da melhor maneira possível, mas foi preciso a declaração da morte cerebral do cinegrafista para que a Secretaria de Direitos Humanos emitisse uma nota oficial.

Em entrevista aos jornalistas, em Brasília, a ministra disse que manifestações democráticas não combinam com violência, seja praticada pelos manifestantes ou pela polícia. Ou seja, Maria do Rosário não perdeu a oportunidade de atacar a ação policial, que só acontece no momento em que a ordem pública é ameaçada, no vácuo da destruição dos patrimônios público e privado. É importante alertar a ministra para o artigo 144 da Constituição Federal, que de maneira inconteste discorre sobre o dever do Estado em relação à manutenção da ordem.

O uso de artefatos explosivos por parte dos manifestantes, como ficou provado no caso do assassinato de Santiago Andrade, mostra que não apenas os profissionais de imprensa estão sob risco, como o cidadão que, no direito de ir e vir, circula nos locais das manifestações e conflitos. No momento em que os manifestantes que deveriam protestar de forma pacífica e ordeira saem às ruas carregando nas mochilas a essência criminosa, não há como exigir das forças policiais a habilidade extrema de saber diferenciar quem, em meio ao tumulto, é profissional da imprensa e quem não é. Ou o Estado dá proteção aos cidadãos sem distinção de qualquer natureza, ou fica claro, desde já, que aos atuais ocupantes do poder. O que não significa que ataques a jornalistas não devam ser evitados ao máximo, sob pena de comprometer o ofício daqueles que vivem a notícia.

O jornalismo livre e independente é essencial e preponderante no Estado Democrático de Direito, devendo ser exercido sob o manto da segurança, mas não se pode exigir que um profissional da imprensa coloque a vida em risco constante ao trilhar o caminho que leva à notícia inusitada, ao furo de reportagem. É preciso que as autoridades, que a partir de agora se reunirão para discutir medidas para algo cuja solução está no respeito à legislação e sua imediata aplicação, sem direito a interpretações obscuras que beneficiem partidos políticos, atentem para o fato de que é preciso diferenciar manifestantes de terroristas de aluguel.

Finalizando, o ucho.info classifica como minimalismo comportamental, embalado pela utopia ideológica, a decisão da ministra Maria do Rosário de se pronunciar oficialmente, além dos microblogs, sobre a morte do cinegrafista depois que os médicos do Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, classificaram o caso como irreversível.

Confira abaixo a íntegra da mensagem enviada ao ucho.info pela assessoria de comunicação da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário

“Em relação ao post http://ucho.info/gazeteira-profissional-maria-do-rosario-acovardou-se-e-nao-falou-sobre-o-atentado-que-vitimou-cinegrafista informamos que desde o dia seguinte ao caso do cinegrafista, a ministra Maria do Rosário vem se pronunciando no seu Twitter oficial (@_mariadorosario). Ontem, assim que foi noticiada a morte cerebral do cinegrafista, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República divulgou a seguinte nota: http://www.sdh.gov.br/noticias/2014/fevereiro/nota-publica-sobre-do-cinegrafista-santiago-ilidio-andrade. Portanto, consideramos injustas as críticas constantes no post de que a ministra teria mantido silêncio sobre o caso.
Atenciosamente,

Luís Felipe Peracchi
Assessoria de Comunicação da SDH/PR”