Estiagem em SP: sem investir na captação de água, Geraldo Alckmin terá de recorrer à dança da chuva

geraldo_alckmin_33Aridez urbana – O brasileiro precisa aprender a consumir água com coerência e responsabilidade, até porque no longo prazo trata-se de um bem finito, apesar de opiniões contrárias, mas é inaceitável a situação enfrentada pela população de São Paulo, em especial os paulistanos, que estão na iminência de um racionamento.

O governador Geraldo Alckmin continua negando a possibilidade de racionamento, mas fugir da realidade dos fatos é a última coisa que um governante deveria fazer. O sistema Cantareira vem atingindo, dia após dia, recordes históricos de menor volume de água, mal tal situação era previsível. Quando o ucho.info defende a importância de se governar com base no planejamento, isso não serve apenas para os ocupantes do Palácio do Planalto, mas para qualquer governante brasileiro, inclusive para os atuais inquilinos do Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista.

A forma como Alckmin e seu secretariado tratou da questão do abastecimento de água na maior cidade do País ultrapassou os limites da irresponsabilidade, pois os investimentos na captação não acompanharam o crescimento do consumo. O governo paulista deveria ter começado a se preocupar com o assunto uma década atrás, mas só agora, quando acendeu a luz vermelha no Bandeirantes, é que o governador saiu correndo em busca de uma solução.

Qualquer solução que surja no horizonte não terá efeito prático antes de dois anos. Ou seja, o risco de um desabastecimento de água é grande na capital paulista, a quarta maior cidade do planeta. Esperar a chegada da nova temporada de chuva, em novembro próximo, é trabalhar com o imponderável. As famosas águas de março deveriam ter fechado o verão, como cantou Tom Jobim, mas nem mesmo na abertura da temporada elas deram o ar da graça. A situação torna-se ainda mais temerosa porque os meteorologistas preveem que 2015 também será um ano marcado pela estiagem em algumas regiões do Brasil.

Ao governador Geraldo Alckmin não resta outra saída, que não a de, junto com seus secretários, fazer a dança da chuva na parte externa do Palácio dos Bandeirantes, até que o sistema Cantareira retome a normalidade em termos de volume d’água.

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Dinheiro de volta

O que a extensa maioria dos paulistas deveria saber, mas não sabe, é que o governo de São Paulo, por meio da Sabesp, há muito cobra pelo tratamento do esgoto, sem que isso tenha acontecido de fato. Ou seja, o governo cobrou por um serviço que não prestou. Se isso tivesse ocorrido, evitando a contaminação de córregos e rios, onde são despejadas as chamadas águas servidas, por certo o problema atual seria bem menor.

Diante da constatação de que o governo de SP cobrou dos consumidores por um serviço que não foi prestado, alguns escritórios de advocacia se especializaram em cobrar da Sabesp a devolução do dinheiro pago indevidamente. E a Justiça tem dado ganho de causa aos consumidores, que têm o direito de receber os valores corrigidos e com retroatividade de 25 anos. A demanda é de tal forma incontestável, que a Sabesp passou a reservar recursos para os ressarcimentos financeiros ordenados pela Justiça.