Governos de três países traçarão novo plano de busca do Boeing da Malaysia Airlines

(Reuters)
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Agulha no palheiro – Na próxima semana, autoridades da Austrália vão se reunir com representantes do governo da Malásia e da China para definir os rumos da busca pelo avião da Malaysia Airlines desaparecido no Sudeste asiático há quase dois meses. O encontro em Camberra foi anunciado nesta sexta-feira (2) pelo chefe australiano das investigações, Angus Houston, um dia após o governo da Malásia divulgar um relatório preliminar sobre o desaparecimento do avião.

“Este encontro será muito importante, porque vai formalizar o caminho que devemos seguir, garantindo que as buscas continuem com a urgência necessária”, afirmou Houston durante uma rápida passagem pela Malásia. “Os três países estão totalmente comprometidos a encontrar o avião, e estou confiante de que, com uma busca efetiva, o encontraremos”.
Com 239 pessoas a bordo, a maioria delas de origem chinesa, o avião que fazia o voo MH370 desapareceu dos radares no dia 8 de março passado. Ainda não há evidências confirmando se o Boeing 777 caiu no mar. A intensiva busca aérea por destroços na superfície marinha foi concluída oficialmente nesta quarta-feira, por não ter encontrado nenhuma pista do suposto acidente.

Autoridades australianas afirmam que agora o foco das buscas será o fundo do mar. Um sofisticado dispositivo sonar da Marinha dos Estados Unidos será usado para escanear grandes áreas abaixo da água. Cerca de 60 mil metros quadrados de área submarina serão analisados, o que deverá levar até oito meses e custar mais de US$ 55 milhões.

Houston considera que o Oceano Índico é o local correto para concentrar as buscas, embora, até agora, nenhuma pista tenha sido encontrada.

Demora para registrar sumiço

Datado de 9 de abril, o relatório de cinco páginas divulgado nesta quinta-feira pelas autoridades malaias revela que o sumiço da aeronave só foi percebido 17 minutos após não haver mais registro dela nos radares, quando voava próximo à fronteira entre os espaços aéreos da Malásia e do Vietnã. O documento detalha ainda a rota que o avião provavelmente seguiu quando desviou do caminho inicial.

O avião sumiu dos radares na Malásia à 1h21 do dia 8 de março, e os controladores de voo vietnamitas começaram a contatar Kuala Lumpur à 1h38, após não conseguirem estabelecer contato oral com os pilotos e o avião não aparecer mais nos radares.

O relatório destaca ainda que não há exigência de monitorar em tempo real o trajeto de aviões comerciais e que as incertezas com relação à última posição do MH370 e complicou a missão de localizá-lo. Uma busca oficial e uma operação de resgate só foram acionadas quatro horas mais tarde, às 5h30.

O levantamento, enviado à Organização Civil Internacional, recomenda que autoridades de aviação internacionais examinem os possíveis benefícios à segurança caso padrões de monitoramento de aeronaves sejam estabelecidos.

Enterro antecipado

Mesmo diante da incerteza sobre qual teria sido o destino do avião, familiares e amigos dos australianos Rod e Mary Burrows, que estavam a bordo do MH370, farão um funeral formal dos dois neste domingo, em Brisbane. Esta será a primeira cerimônia fúnebre de passageiros do voo.

“A família e os amigos agradecem os bons votos que receberam da imprensa e do público, mas pedem privacidade e que seu isolamento seja respeitado neste momento difícil”, diz a nota divulgada pela polícia da cidade, a pedido dos parentes.

Familiares enfurecidos

Parentes dos passageiros chineses que estavam a bordo do Boeing desaparecido ficaram enfurecidos com a Malaysia Airlines nesta sexta-feira. Um dia antes, a companhia aérea informara que não iria mais arcar com os custos das diárias do Lido Hotel em Pequim, onde eles estão hospedados. Segundo os familiares, eles ficaram sabendo hoje que deveriam deixar o local imediatamente.

O policiamento foi reforçado em frente ao hotel, onde houve confusão. “A Malaysia Airlines nos mandou sair de repente. Eles deveriam pelo menos ter nos dado um tempo para que pudéssemos nos preparar, juntar nossas coisas”, reclamou Steven Wang, filho de uma passageira do MH370. (Com agências internacionais)