Greve de ônibus: Haddad não combina o discurso, perde a coerência e fala em “guerrilha”

fernando_haddad_35Parafuso solto – A paralisação de motoristas e cobradores de ônibus na cidade de São Paulo, que começou na terça-feira (20) e se estendeu até esta quarta, provocando enormes transtornos aos paulistanos e complicando ainda mais o trânsito da cidade, foi classificada pelo prefeito Fernando Haddad como guerrilha. Sem dúvida a greve que afetou boa parte do transporte público da maior cidade brasileira foi um ato de covardia, mas declaração de Haddad no mínimo deve ser considerada uma homenagem à incoerência, algo que domina a seara política nacional.

Durante os longos anos em que engrossou as fileiras da oposição, o Partido dos Trabalhadores sempre usou táticas guerrilheiras para chamar a atenção, inclusive quando “companheiros” lideravam greves pelo Brasil afora. Ou seja, Fernando Haddad deveria modular seu discurso, especialmente porque o ano é de eleições e Alexandre Padilha, candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, continua patinando em sua empacada campanha.

A pior declaração acerca do caos que se instalou na capital paulista foi do secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, que já deveria ter sido demitido. Tatto disse que os ônibus só deixaram de circular porque a PM não garantiu o direito ao trabalho, uma vez que muitos motoristas e cobradores sofreram intimidações por parte dos grevistas.

Que o PT é uma reunião de incompetentes todos sabem, mas o partido erra enormemente ao não combinar com antecedência os discursos. Ou, então, buscar nos anais do próprio PT discursos de outros “companheiros” sobre temas correlatos. Não faz muito tempo, os moradores de Porto Alegre enfrentaram uma greve de ônibus que durou quinze dias. O prefeito da capital gaúcha, José Fortunatti (PDT), requisitou a interveniência da Brigada Militar para que motoristas e cobradores que não aderiram à greve pudessem trabalhar, mas o governador do Rio Grande do Sul, o petista Tarso Genro, negou o pedido.

Na ocasião, disse o peremptório Tarso Genro que a Brigada Militar não poderia agir porque a realização de greve é um direito do trabalhador. Ora, se isso vale em território gaúcho, deveria também valer no estado de São Paulo. Acontece que a mando do PT o prefeito Fernando Haddad quer transformar a paralisação de motoristas em cobradores em uma questão eleitoral, não sem antes colocar a culpa no PSDB de Geraldo Alckmin.

Na verdade, a greve que paralisou São Paulo é decorrente da incompetência e da falta de articulação política de Jilmar Tatto, que na condição de secretário municipal de Transportes deveria ter costurado nos bastidores do sindicato da categoria a não realização de greve, após a concessão de aumento salarial por parte das empresas.