CPMI da Petrobras: deputado questiona acordo bisonho e pede quebra de sigilo de empresas

petrobras_01Hora da verdade – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Ruben Bueno (PR) questionou, na segunda-feira (2), durante reunião da CPI Mista da Petrobras, a existência de um acordo para evitar que empresas que fornecem material ou prestam serviços para a petroleira tenham os sigilos bancário, fiscal, telefônico e temático quebrados. Mostrando reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, que trata de suposto acerto entre oposição e governo, o parlamentar disse não acreditar que, de fato, isso tenha acontecido.

“Somos parte da oposição e em nenhum momento algum integrante do governo nos procurou para fazer qualquer tipo de acordo. Nós, do PPS, estamos defendendo justamente o contrário. Por que não começar já a quebrar os sigilos das empresas citadas em várias denúncias envolvendo a Petrobras? Temos que começar, sem dúvida, pelas empresas fornecedoras”, defendeu Rubens Bueno, se dirigindo ao relator da CPMI, deputado Marco Maia (PT-RS), que apresentou seu plano de trabalho sem dar detalhes sobre um bloco de mais de 200 requerimentos que deseja votar ainda nesta semana.

Esse foi um dos motivos que levaram os parlamentares a pedir vistas do plano de trabalho, que volta a ser analisado nesta terça-feira. “Pedimos vistas para ver se essa proposta do relator atende a todos os objetivos da investigação”, explicou o líder do PPS.

Para Rubens Bueno, a CPMI da Petrobras também pode servir para que o Congresso Nacional reflita sobre a necessidade de uma reforma política que acabe com a promiscuidade entre partidos e empresas com relação ao financiamento de campanhas. “Isso nos coloca no canto do ringue sempre que a imprensa traz notícias sobre o financiamento de campanhas. Temos que acabar de vez com esse tipo de doação que abre espaço para relações incestuosas entre governos, partidos e empresas”, disse o deputado.

Tudo dominado

Além da CPI da Petrobras instalada no Senado Federal, que em termos de participação de parlamentares e audiência tem sido um enorme fiasco, a Comissão Mista, que começou a funcionar depois de muita discussão, também recebeu a chapa branca do Palácio do Planalto. Na presidência da CPMI está o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que também preside a Comissão no Senado. Na relatoria da CPMI da Petrobras o governo emplacou o deputado federal Marco Maia (PT-RS), que esteve presidente da Câmara.

Autoritário, mas sempre se esforçando para passar a imagem de liberal, Maia está cumprindo a cartilha palaciana e tenta a todo custo convocar para depor, em breve, Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró, ex-diretores da Petrobras, e o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal no vácuo da Operação Lava-Jato.

A ideia do governo é fingir que está disposto a apurar os escândalos que tiveram a Petrobras como palco de criminosos, mas na verdade o objetivo é evitar que o depoimento do trio ocorra próximo das eleições, o que comprometeria sobremaneira o projeto de reeleição de Dilma Vana Rousseff, apresentada ao povo brasileiro, por Lula, como uma especialista em gestão e temas relacionados à energia, como petróleo e energia elétrica.

O temor dos petistas palacianos aumentou depois que Paulo Roberto Costa comparou o planejamento financeiro para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a uma “conta de padeiro”. Sabem os brasileiros que nenhum padeiro deve ser desdenhado em relação à contabilidade do seu negócio, sempre próspero em qualquer parte do País. O máximo que se pode afirmar no caso em questão é se o pão é bom ou não.

Apenas para situar o leitor em relação o pavor que ronda o Palácio do Planalto, a previsão de gastos com a constrição da refinaria Abreu e Lima era de aproximadamente R$ 6 bilhões, mas a conta já passou de R$ 42 bilhões, sem que a obra esteja concluída.

Fora isso, o medo dos petistas está relacionado não apenas com uma eventual derrota nas urnas de outubro próximo, mas, sim, com a possibilidade de serem descobertas as muitas malandragens protagonizadas pelo partido ao logo desses quase doze anos. Se isso acontecer, o PT terá de recomeçar da estaca zero.