Geraldo Alckmin deixa Kassab na fila de espera, bate o martelo com o PSB e ajuda o tucano Aécio Neves

geraldo_alckmin_37Jogo político – Quando o núcleo duro da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo e candidato à reeleição, condicionou o apoio de Gilberto Kassab ao desembarque do PSD da candidatura de Dilma Rousseff, os tucanos sabiam que nada avançaria. A ação foi premeditada, pois parte dos tucanos paulistas não aceitam sequer ouvir o nome do ex-prefeito da cidade de São Paulo, que na última eleição à prefeitura paulista fingiu apoio a José Serra, mas acabou atuando como um Cavalo de Tróia inventado por Lula.

A ideia inicial, que prosperou até a noite de quinta-feira (19), era fazer de Gilberto Kassab o candidato a vice na chapa de Alckmin. Com isso o tucanato teria mais tempo de rádio e televisão, considerando o fato que o PSD é o quarto maior partido da Câmara dos Deputados, atrás apenas do PSDB, que tem apenas um parlamentar a mais.

A grande preocupação dos tucanos é que se eleito junto com Geraldo Alckmin, Kassab seria candidato natural ao Palácio dos Bandeirantes em 2018. Isso porque no PSDB não há, pelo menos por enquanto, um nome político de expressão para suceder Alckmin. Com isso o PSDB teria de se conformar com a ideia de perder a hegemonia política no mais rico e importante estado da federação.

Quem apostou em uma possível dobradinha com Alckmin e Kassab errou, pois nos bastidores nunca foram boas as relações entre o governador e o ex-prefeito paulistano. A situação azedou de vez durante a eleição à prefeitura de São Paulo, em 2008, quando José Serra, contrariando o tucanato paulista, apoiou a reeleição de Kassab.

Se por um lado a convivência entre Gilberto Kassab e os tucanos não é das melhores, por outro o PSDB está apostando na possibilidade cada vez maior de o ex-prefeito sair candidato ao Palácio dos Bandeirantes. É uma aposta arriscada, mas se der certo tirará votos de Paulo Skaf, presidente licenciado da FIESP e ungido pelo PMDB para disputar o governo paulista.

No caso de o PSD sepultar a candidatura própria, Gilberto Kassab deverá se juntar a Skaf, que é o “Plano B” do Partido dos Trabalhadores para despejar os tucanos do comando político de São Paulo. Essa estratégia petista se deve ao fato de a candidatura do “companheiro” Alexandre Padilha continuar empacada em míseros 3% de intenções de voto nas pesquisas eleitorais.

Uma eventual aproximação com Paulo Skaf não garante a Kassab a possibilidade de ser o candidato a vice na chapa do peemedebista, que já escolheu como parceiro o advogado José Roberto Batocchio, defensor do enrolado Antonio Palocci Filho e filiado ao PDT. Diante desse enxadrismo complexo, a saída de Kassab seria concorrer ao Senado Federal, missão nada fácil e que exige pelo menos R$ 20 milhões em caixa para começar a campanha.

Tacada adiante

Enquanto faz beicinho para Kassab, o governador Geraldo Alckmin deve oficializar a vaga de vice ao PSB, partido do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, candidato do partido ao Palácio do Planalto. Vice na chapa de Campos, a eterna petista Marina Silva tentou implodir a aliança do PSB com os tucanos de São Paulo, mas o diretório estadual do partido avançou nas negociações e o indicado deve ser Márcio França, com quem Alckmin tem boa relação.

Marina tentou impedir a coligação com o PSB alegando que era preciso uma candidatura própria no estado. Sabendo que no momento em que o Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva, for oficializado pela Justiça Eleitoral, a ex-ministra com certeza abandonará Eduardo Campos, os “pessebistas” de São Paulo decidiram preservar o próprio território político.

Confirmada essa decisão, Geraldo Alckmin terá dado uma substancial ajuda à campanha de Aécio Neves, presidenciável do PSDB. A questão é simples: Alckmin só perderá a eleição de outubro próximo se quiser. De tal modo, com Márcio França eleito como vice-governador de São Paulo, o tucano impedirá que, no segundo turno da corrida presidencial, o PSB faça campanha contra Aécio no maior colégio eleitoral do País.

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