O poema das eleições

(*) Carlos Brickmann –

carlos_brickmann_13É fácil entender o que está acontecendo na campanha eleitoral. O PMDB apoia Dilma, dá a ela seu tempo de TV, mas o mesmo PMDB apoia Aécio e dá a ele seus principais diretórios estaduais. O PSD apoia Dilma e dá a ela seu tempo de TV, mas apoia também o peemedebista Skaf em São Paulo, continua ligado a José Serra e a quem mais aparecer procurando apoio e tendo algo (de interesse público, claro) a oferecer em troca. O PSB, que se apresenta como alternativa a PT e PSDB, apoia o PT no Rio e o PSDB em São Paulo, tem candidato próprio em Minas mas quem o apoia é só uma ala do partido, que a outra, a de Marina, não se mistura. O PP é Dilma, mas não no Rio nem no Rio Grande do Sul, onde é Aécio. Dilma, que carrega consigo Collor, Maluf e Sarney, ataca a oposição por representar o passado. A turma tucana do cartel do Metrô e dos trens metropolitanos critica o PT pelo Mensalão e pela ladroeira em geral. Eduardo achou que, aliando-se a Marina, ganharia os votos dela; Marina achou que, aliando-se a Eduardo, se beneficiaria de sua famosa habilidade política. Pois juntou-se a votação de Eduardo com a habilidade política de Marina e deu no que não deu.

Como diria o poeta, Dilma amava Collor que amava o PTB que ama Aécio que ama até o Zé Serra, desde que lhe traga votos. Eduardo Campos amou Marina que só ama o verde mas não amou apoiá-lo só pelo verde de seus olhos. Marina e Eduardo amavam Lula mas não amam Dilma que ama o Valdemar Costa Neto, ama Kassab, que a todos ama, e todos amam Lula que só ama a si mesmo.

A raiz de tudo

A nota acima é inspirada num poema de Drummond, chamado Quadrilha.

Acredite: é homenagem

Sexta-feira, dia 27, no comecinho da campanha eleitoral, com base na Lei 12.390, de 3 março de 2011, celebrou-se o Dia Nacional do Quadrilheiro.

Acredite: ele disse

Frase do ex-presidente Lula sobre a Copa, criticando a Seleção japonesa de futebol: “O Japão é um país de primeiro mundo. Mas não ganhou um jogo sequer na Copa do Mundo. O problema do Japão é que eles só pensam em educação e saúde. Se investissem também em futebol ainda estariam na Copa”.

Acredite: ele confessa

Aécio Neves, candidato tucano à Presidência, comemorando a conquista do apoio do PTB, até então ligado a Dilma, revelando o que realmente pensa a respeito de seus novos aliados: “Muito mais gente já desembarcou e o governo ainda não percebeu. Vão sugar um pouco mais. E eu digo para eles: façam isso mesmo, suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado”.

Aécio não só dá esse tipo de conselho a seus companheiros como se orgulha disso.

Acredite: ele festeja

O candidato do PMDB ao Governo do Paraná, Roberto Requião, divulga alegremente por seu Twitter a informação de que recebeu um telefonema de cumprimentos de André Vargas, aquele parlamentar que se tornou tão notório que nem o PT o quis. André Vargas, segundo Requião, disse que se defenderá “com energia” dos ataques que recebe – por exemplo, pela ligação com Alberto Youssef, preso sob a acusação de lavagem de dinheiro. Vargas viajou com a família, de férias, num jatinho alugado por Youssef para ele, ao custo de US$ 100 mil. Vargas, até ser abatido em voo, queria sair para o Senado pelo PT paranaense.

Agora, sem legenda, cumprimentou Requião com a frase “Tamo junto”.

Acredite: até ele!

Por enquanto, a coisa fica só nos comentários. Mas comenta-se muito a possibilidade de indicação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. Não que o partido confie em Cardozo, a partir do momento em que tenha um cargo vitalício, à prova de represálias; mas indicá-lo traria uma vantagem óbvia, afastá-lo do Ministério.

Outros candidatos que vêm sendo citados: o advogado geral da União, Luís Adams, e o advogado Heleno Torres (que vêm sendo lembrados há tempos); e os ministros Benedito Gonçalves, Herman Benjamin, Maria Tereza Assis de Moura e Luiz Felipe Salomão, todos do Superior Tribunal de Justiça. A presidente Dilma ainda não tocou no assunto, mas imagina-se que o nome saia após a eleição.

Acredite: ela promete

A presidente Dilma Rousseff disse que está decidida a entregar a Copa do Mundo ao campeão, no Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro. A última experiência de Dilma num estádio foi meio traumática; e o próprio presidente Lula, no Maracanã, foi vaiado pelo público. Dilma, se aparecer mesmo, vai dar uma demonstração de coragem. Lula, que é mais esperto, tem ficado longe dos estádios.

Acredite: ele pode largar o osso

Quando José Sarney chegou ao Congresso, em 1955, uma ligação interurbana podia demorar dois ou três dias, quando era completada. A Via Dutra, novinha, tinha pista única de São Paulo ao Rio. A França lançava uma novidade nos ares, o Caravelle. Pelé, adolescente, mudava-se de Bauru para Santos. A TV se expandia e chegava a Minas.

Sarney anuncia agora sua aposentadoria. Ufa!

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

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