Gleisi Hoffmann e Requião trocam acusações sobre enriquecimento suspeito e ocultação de patrimônio

gleisi_requiao_01Briga sem fim – Acusada por Roberto Requião (PMDB) de ter um apartamento construído pela Camargo Corrêa, empreiteira ligada ao doleiro Alberto Youssef, envolvido em roubalheiras na Petrobras, Gleisi Hoffmann (PT) deu o troco. A petista divulgou nota que coloca ainda mais fogo na guerra entre os candidatos ao governo do Paraná. Pediu que os militantes do PT defendessem a evolução do seu patrimônio (foi o que mais cresceu entre os principais candidatos) e acusou Requião de maquiar sua declaração de bens para parecer menos rico do que realmente é.

“Ao contrário de outros candidatos, Gleisi fez uma declaração real dos seus bens ao invés de maquiar dados, como é possível verificar no site do TRE. Na declaração de Roberto Requião, por exemplo, o valor declarado de R$ 1.190.564,33 inclui um veículo Ford por R$ 1,00 (um real) e um título do Clube Curitibano por R$ 4.996,00. Sabemos que o valor real desse título é cerca de R$ 150.000 (cento e cinquenta mil)”, destaca a nota do PT.

A declaração de bens de Requião provocou muitos risos em Curitiba. Em especial entre os que conhecem bem o senador, que cultiva imagem de homem simples, mas nasceu em berço de ouro, vem de uma família da alta burguesia (o pai foi prefeito de Curitiba), dona de grande patrimônio em imóveis, mora em casa luxuosa fincada em bairro nobre, sempre cultivou estilo de vida nababesco, mas nunca trabalhou com carteira assinada. Atualmente, Requião embolsa R$ 54 mil mensais, entre salário de senador e pensão de governador aposentado.

Além do subfaturamento do automóvel Ford e do título do aristocrático clube curitibano, outros itens listados por Requião em sua coleção de bens foram alvo de galhofa entre os que o conhecem. A coleção de armas, uma das maiores do Parané e avaliada pelo senador em R$ 10 mil, é um exemplo. Inclui armas pesadas, como a metralhadora alemã Schmeisser, o fuzil russo AK-47 Kalashnikov, o fuzil Mauser e carabinas Winchester, granadas, obuses; além de pistolas automáticas, Walther, Luger, Tokarev, revolveres Magnum, Smith & Wesson, Colt, Taurus. Tem quem acredite que só esse arsenal vale mais que todo o patrimônio declarado pelo senador (R$ 1,19 milhão).

Também não consta da declaração de bens do senador nenhum dos 88 cavalos que mantinha na residência oficial da Granja do Canguiri, para cavalgadas matinais com os amigos, quando era governador do Paraná (2003-2010). Quadrúpedes que consumiram R$ 6 milhões em dinheiro público, ao longo de oito anos, além de levar um grupo de PMs que ficou à disposição do então governador para cuidar da tropa.

Nas redes sociais os petistas passaram a questionar de forma mais agressiva o patrimônio do senador. O alvo principal foi à ausência de um apartamento que Requião teria em Paris e que também não consta de sua declaração de bens. A posse desse imóvel foi associada ao estranho caso da remessa ilegal de dólares ao exterior feita pela mulher do senador.

Em 1999, Maristela Quarenghi de Mello Silva, mulher de Requião, foi investigada pela Polícia Federal por remessa ilegal de dólares ao exterior. Maristela teria enviado ao exterior aproximadamente US$ 210 mil, através de doleiros e laranjas. Quando o caso estourou na revista Veja, alegou-se que o dinheiro teria origem em uma suposta herança.

A forma suspeita como o dinheiro foi convertido em dólares – através de doleiros e sua remessa para fora do Brasil por meio de laranjas – motivou a abertura de inquérito por parte da Polícia Federal. Maristela prestou esclarecimentos por escrito à PF, em Curitiba, em 13 de setembro de 1999. O caso acabou engavetado sem que jamais tivesse sido esclarecido de forma convincente. Na luta desesperada por uma vaga no segundo turno da corrida ao Palácio Iguaçu, o PT parece disposto a ressuscitar muitos dos esqueletos do descontrolado Roberto Requião.

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