Imprensa noticia que Youssef lavou dinheiro do Mensalão do PT, mas ignora denúncias do UCHO.INFO

alberto_youssef_02Pole position – A imprensa brasileira acostumou-se a usar reportagens alheias sem o devido crédito ou, então, ignorando a necessidade de uma pesquisa mais profunda sobre o tema, como se a atuação profissional de terceiros não merecesse reconhecimento. Vítima dessa covardia contumaz que se alastra por todo o País, o ucho.info é reconhecido não apenas por sair à frente dos grandes veículos de comunicação, preocupados cada vez mais com manchetes, mas por acompanhar de forma ininterrupta denúncias graves e escândalos absurdos envolvendo políticos.

Na edição desta terça-feira (15), alguns veículos trouxeram matérias sobre os desdobramentos da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, assunto que o ucho.info tratou com exclusividade e muita antecipação. Na verdade, a Operação Lava-Jato só foi possível porque em janeiro de 2009, quando ainda as autoridades não pensavam no assunto, o editor, juntamente com um empresário do setor de tecnologia, denunciou às autoridades o esquema criminoso que era capitaneado por José Janene (PP-PR), conhecido como o “Xeique do Mensalão do PT”.

Falecido em 2010, Janene, como sabem os leitores, foi deputado federal e integrava a chamada base aliada. Era um dos líderes políticos que transitavam com largueza nos escaninhos do Palácio do Planalto, o que lhe permitiu receber dinheiro do esquema criminoso de compra de parlamentares, cuja operação financeira esteve sob a responsabilidade de Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado a mais de quarenta anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal, ao final do julgamento da Ação Penal 470.

Agora, o Ministério Público Federal acusa o doleiro Alberto Youssef, preso em Curitiba, de ter lavado parte do dinheiro do Mensalão do PT. Na denúncia, entregue à Justiça Federal no último dia 10 de julho e devidamente acolhida, os procuradores da República afirmam que o doleiro lavou pelo menos R$ 1,16 milhão, de um total de R$ 4,1 milhões recebidos por Janene através do caixa operado por Marcos Valério.

Diante da denúncia, o juiz federal Sérgio Moro, que preside o inquérito da Lava-Jato, decretou a prisão de Youssef, apesar de o mesmo já estar detido. Moro também decretou a prisão do doleiro Carlos Habib Chater, Ediel Viana da Silva e Carlos Alberto Pereira da Costa, também presos pela PF na Operação Lava-Jato.

O juiz Sérgio Moro declarou a extinção da punibilidade de José Janene, por estar morto, mas a filha do ex-deputado, Danielli Kemmer Janene, um irmão e um primo responderão na Justiça, juntamente com outros três acusados, lavagem de dinheiro, associação criminosa, apropriação indébita e estelionato.

De acordo com a acusação formulada pelo MP, Danielli Janene e os dois parentes ajudaram a ocultar a verdadeira origem do dinheiro investido na empresa Dunel Indústria e Comércio, empresa com sede em Londrina (PR), enganando seus fundadores, que acreditaram na legalidade e licitude da operação de aporte financeiro. O destino final do dinheiro, que passou pela empresa, era uma locadora de veículos registrada em nome do irmão de Janene, Assad Janani.

Segundo os procuradores, o esquema se valeu de valores provenientes “de atividade criminosa de José Janene”, no total de RS 1,16 milhão, dinheiro que, conforme a denúncia, “foi investido na empresa Dunel Indústria, sediada em Londrina (PR), utilizada para ocultar e dissimular a origem ilícita de recursos”. Desse valor, um total de R$ 537,2 mil tem origem em transferências bancárias de contas de empresas controladas pelo doleiro Carlos Habib Chater. O restante, R$ 618,3 mil, segundo a Procuradoria da República, “tem origem em receitas ilícitas administradas pela empresa CSA Project Finance Consultoria e Intermediação de Negócios Empresariais”.

É importante ressaltar, mais uma vez, que a Dunel, assim como seus sócios fundadores, foi vítima do esquema criminoso pilotado por Janene, que à época dos fatos fez seguidas ameaças ao editor do site por conta das matérias que revelaram a verdade.

Oportunistas de plantão

Como sempre acontece no Brasil, alguns políticos atuam como carpideiras, que contratadas sempre derramam lágrimas de encomenda diante do cadáver alheio. Por ocasião dos fatos, o ucho.info procurou alguns políticos na tentativa de viabilizar as denúncias com maios celeridade. Tratado como fosse um amalucado qualquer, o editor do site não apenas recebeu respostas negativas, mas foi obrigado a conviver com chacotas e lidar com a peçonha de quem está acostumado a s vingar até da sombra, mesmo que sem motivo.

Com a eclosão da Operação Lava-Jato e a decisão da Justiça Federal de aceitar a denúncia contra Alberto Youssef e sua quadrilha, acusados de lavar parte do dinheiro do Mensalão do PT, os abutres de outrora, que nos deram as costas, agora tentam pegar carona nos efeitos das denúncias que fizemos, sempre correndo riscos para defender o Brasil e os brasileiros desses marginais com mandato que vilipendiam a dignidade de um povo cansado de tantas falcatruas e escândalos de corrupção.

Os que agora tentam faturar politicamente com a recente decisão da Justiça deveriam se envergonhar dos seus atos, pois não é possível que um assunto tão sério, que não mereceu a devida atenção por parte dos mesmos, seja explorado de maneira leviana como se fosse uma coroa de louros. Nos últimos cinco anos, desde as primeiras denúncias, muitas foram as agruras enfrentadas pela equipe do site, sem que esses proxenetas de ocasião tivessem ao menos se preocupado com a coragem que tivemos para denunciar. Ainda sob risco eminente, mantemos o nosso propósito de lutar pelo País.

Confira abaixo como o ucho.info saiu na frente da grande imprensa

Após alguns meses de investigação e checagem de informações, então de posse de um organograma dos crimes cometidos pelo grupo de José Janene, o ucho.info passou a publicar matérias sobre o tema, entre as quais se destacam:

Em 13 de agosto de 2009, o ucho.info publicou matéria sob o título “Lavagem de dinheiro faz o coração doente de José Janene bater mais rápido”. Na matéria ficou claro que a Dunel, única empresa brasileira a fabricar equipamentos de ensaio para a indústria eletroeletrônica, caíra em um golpe que passou pela CSA Project Finance.

Em 25 de agosto de 2009, uma nova matéria, intitulada “José Janene apela para interlocutor na tentativa de evitar condenação judicial”, não deixa dúvidas da atuação ilegal do mensaleiro que escapou da cassação por conta de manobra no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Em 21 de março de 2011, outra matéria – “Ministério Público do Trabalho caiu em esparrela de José Janene e suspendeu investigação” – mostrou que as empresas controladas pelo ex-deputado desrespeitavam de maneira acintosa a legislação trabalhista, inclusive promovendo o desvio de função.

Em 5 de agosto de 2011, uma nova matéria – “Herdeiros de Janene se surpreendem com os ‘amigos cítricos’ do xeique do Mensalão do PT” – apontava a indignação dos familiares de Janene com a descoberta de que alguns “laranjas” se apropriaram de bens do falecido mensaleiro, como o caso da conta bancária aberta no exterior e que, segundo apurou o site, tinha à época saldo de R$ 180 milhões, valor reclamado nos bastidores por alguns herdeiros.

Em 16 de abril de 2012, outra matéria – “Herdeiros de Janene podem ser desmascarados em caso de participação oculta em empresa” – revelou o descumprimento das regras de fiel depositário por parte da empresa Dunel, que Janene passou a controlar com o objetivo de transformá-la em lavanderia financeira. Mais uma vez, o ucho.info mencionou a CSA Project Finance, empresa que serviu como base para os muitos crimes cometidos pelo grupo e que acabaram investigados pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato.

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