13 anos do UCHO.INFO: o sonho impossível virou realidade necessária

(*) Ucho Haddad –

ucho_25Há exatos treze anos, ao dar o primeiro passo no projeto que tempos mais tarde tornar-se-ia o ucho.info, muitas foram as críticas. De tudo um pouco foi vociferado: loucura, projeto fracassado, mera utopia. Alguns chegaram a dizer que o melhor seria procurar algo para fazer, como se defender a pátria fosse pouco. Muitos creem que o patriotismo se resume em cantar o Hino Nacional em estádio de futebol lotado. Amor ao país declaro de outra forma, escrevendo todos os dias em sua defesa. Afinal, conviver com as palavras e bem tratá-las é o que sei fazer de melhor. Escrever é a reza de cada instante, é franquear a alma ao próximo. Escrevo, logo existo! Assim teria profetizado René Descartes fosse ele um jornalista.

Se críticas pertinentes impulsionam, as infundadas levam à seara da certeza. Maledicentes sobraram pelo caminho, mas deixá-los por conta da própria peçonha foi a decisão mais acertada. No embalo dessas críticas descabidas – as coerentes foram bem acolhidas e processadas – surgiu a emulsão necessária para avançar na cruzada em defesa do Brasil e dos brasileiros. Sim, o objetivo sempre foi o Brasil. É e sempre será. Nesses 4.748 dias de trabalho extenuante e devoção incondicional ao ucho.info, desistir nunca teve espaço. E chegar tão longe não fazia parte do pensamento de estreia. Aliás, todo dia foi uma estreia nova e diferente, assim como nasce-se a cada raiar do dia.

No dia 17 de julho de 2001, quando a rede mundial de computadores recepcionou a semente do ucho.info, a ordem era pensar no dia seguinte, pois assim a vida deve ser vivida. Mesmo sabendo que planejar é preponderante. Quando o assunto é Brasil, enxergamos longe na medida do possível e sem bola de cristal, mas um dia de cada vez, sempre com responsabilidade e humildade. O tempo passou e ficou claro que era preciso fazer mais. Fiz muito, é verdade, mas ainda é pouco. Posso e devo fazer mais, muito mais. Faria tudo de novo, até porque se nada tivesse feito a consciência estaria aniquilada.

Chegar até aqui foi um considerável desafio. Exigiu coragem para enfrentar os muitos adversários, perseverança para ultrapassar as metas do cotidiano, ousadia para driblar as armadilhas espalhadas pelo caminho. Ameaças constantes, propostas espúrias, dificuldades inesperadas, ofertas de suborno, perseguições descabidas, ódios incompreensíveis, intimidações covardes. Tudo foi tentado para dificultar o caminho e interromper um trabalho cada vez mais necessário. Tentaram, não conseguiram. Continuarão tentando, não conseguirão.

Apesar de ser este um relato pessoal sobre a realização de um sonho, o de defender a pátria e os compatriotas, grande é a dificuldade para escrever na primeira pessoa do singular, algo que poucas vezes fiz. Afinal, existo de forma coletiva, penso na primeira pessoa do plural. Sou fã do “nós”, até mesmo, e porque não, do popular e incorreto “é nóis”. Isso significa que cada dia desses treze anos só foi possível porque existiu pluralidade ao agir, porque contínua foi a crença na teoria do “quanto mais se divide, mais se multiplica”. Por isso sou grato a todos os que ajudaram a fazer o ucho.info, aos que continuam ajudando, aos que em breve estarão ao meu lado, aos que assumirão o meu lugar. Muitos entraram e saíram; alguns entraram e ficaram, para ir depois; alguns foram sem jamais ter nos deixado. Aos imprescindíveis curvo-me, aos que acreditaram resigno-me, aos que apoiaram retribuo com a amizade.

Muitas vezes penso em voz alta que não saberia o que fazer se tivesse escolhido outra profissão, que não o jornalismo. Não saberia o que fazer se um dia ficasse impedido de escrever. Da mesma maneira, não consigo imaginar como seria me desvencilhar dessa doce e árdua missão que é defender a terra natal. Em outras palavras, interagir por meio do jornalismo com parceiros e leitores, sempre tendo o Brasil como meta, é o ar que respiro. Isso porque o tempo revelou a importância de um trabalho desenvolvido com determinação, objetivo e afinco. Tanto é assim, que a maior preocupação no momento é a quem entregar o bastão do sonho que virou realidade. Um dia hei de parar, claro, mas o ucho.info precisa continuar. Espero que em breve alguém, em outro “17 de julho”, assuma a íntima parceria com as palavras e faça o que ora faço: não apenas escrever para comemorar mais um ano de jornalismo em prol do País, mas para buscar um Brasil melhor a cada dia.

Há no dia a dia, em todos os segmentos, uma obrigação de vencer. No jornalismo não é diferente e reina uma quase unânime obsessão por prêmios, louros e láureas, mas nada é maior e mais reluzente para quem escreve do que ter quem leia. Quem escreve e quem lê coexistem. São dependentes, interdependentes, célula duplamente única. Pequena a olhos primeiros e desavisados, a fidelidade de quem lê foi imprescindível para percorrer caminho tão árduo e sinuoso, levando muito além da fronteira da imaginação passada. Como valeu e vale a pena essa parceria inenarrável e da qual não abro mão.

Nesses milhares de dias o cenário foi pontuado por tudo, às vezes por nada. Mas assim deveria ser, pois sempre foi tudo ou nada. Sacrifiquei o lazer necessário, alimentei o prazer intangível. Cultuei o desprendimento, passei longe do arrependimento. Sacrifiquei a família, permaneci em vigília. Perdi amores, driblei as dores. Conquistei amigos, escapei de inimigos. Aumentei o conhecimento, extirpei o lamento. Apostei no pensamento lógico, abominei a irresponsabilidade do “achismo”. Perdoei os algozes covardes, tremi diante dos elogios sinceros. Fiz o que era preciso, fiz o que sempre quis. Fiz porque quis. E faria de novo, como continuarei fazendo.

Aos que criticaram, valeu pela força. Aos que elogiaram, também e principalmente. Aos que acreditaram e aos que duvidaram, sempre muito obrigado, sempre. Aos que torceram contra e a favor, o agradecimento sincero e amigo. Aos que nos amaldiçoaram, apenas um recado: perderam tempo e energia. Aos que trabalharam para nos derrubar, a gratidão de sempre. Aos que nos invejaram, um conselho: perseverança. Aos que jogaram sujo, alma cândida. Aos que fizeram e continuam fazendo, reverências sinceras. Aos que leram e continuam lendo, gratidão contínua. Muito obrigado a todos, muito obrigado a cada um. 4.748 “obrigados”, pois cada dia foi um presente inusitado. Parabéns pra você, porque no ucho.info a festa sempre será nossa!

(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, cronista esportivo, escritor e poeta.

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