CPI da Petrobras: insistência do PT em explicar fraude mostra que a culpa é maior do que parece

Boi na linha – O grande erro do Partido dos Trabalhadores é o de não combinar com a devida antecedência os discursos dos “companheiros”. O que facilitaria com folga a atuação dos que defendem o indefensável, mesmo sabendo que o resultado será contrário ao planejado. E não é de hoje que os petistas agem dessa maneira, como se acreditassem ser o povo brasileiro desprovido de qualquer porção de massa cinzenta.

Nesta terça-feira (5), o plenário do Senado Federal jamais viu tantos integrantes da legenda juntos ao mesmo tempo e no mesmo espaço. Isso só foi possível porque a cúpula petista ordenou aos senadores que comparecessem em peso para desmentir a acusação de fraude na CPI da Petrobras que funciona no Senado sob o rígido controle do Palácio do Planalto, que quer tirar a presidente Dilma Rousseff do olho do furacão que se formou a partir dos escândalos da petroleira.

humberto_costa_08O primeiro dos próceres petistas a falar sobre o tema foi o senador Jorge Viana, ex-governador do Acre e que vem cumprindo à risca as ordens palacianas. Viana se escorou em um artigo do jornalista Janio de Freitas, publicado na edição desta terça-feira do jornal “Folha de S. Paulo”, em que a prática de combinar perguntas e respostas em CPIs é considerada algo normal. Se Freitas não errou, pois é isso que de fato ocorre em qualquer CPI, Viana fez questão de enfatizar esse detalhe.

Pois bem, se a prática é corriqueira, sem contar os costumeiros e espúrios acordos selados entre partidos políticos, não havia razão para um desfile de senadores pela tribuna da Casa para tentar justificar o que é normal. Não bastassem os senadores petistas que fizeram uso da palavra para afirmar que a repercussão do caso é mais uma manobra eleitoreira da oposição, alguns integrantes “chapa branca” da CPI da Petrobras subiram à tribuna para dar explicações.

Depois de Jorge Viana foi a vez do companheiro Humberto Costa, senador pernambucano e protagonista do escândalo conhecido como “Sanguessugas”, acionar o microfone para afirmar que é normal combinar perguntas e respostas em CPIs. Ora, se até o líder do PT no Senado afirmou estar tudo dentro da normalidade, não havia razão para o relator da CPI da Petrobras, José Pimentel (PT-CE) usar a palavra para se explicar. Essa insistência em dar explicações prova que a culpa é muito maior do que se imagina.

Fosse pouco esse derrame de discursos insensatos, o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (AL), e o presidente da CPI da Petrobras, Vital do Rêgo (PB), anunciaram que nos próximos dias requererão a abertura de investigação, inclusive com a participação da Polícia Federal, para apurar as denúncias de fraude feitas pela revista veja em sua mais recente edição.

A tal prática pode ser até considerada normal pelos congressistas, até porque investigar significa cortar na própria carne, mas é preciso reconhecer que impede o esclarecimento dos fatos. O melhor seria que escândalos de corrupção fossem investigados por comissões independentes, pois o Congresso Nacional jamais agirá com isenção em casos como o que agora estampa as manchetes.

Para não deixar a história passar em branco no momento em que os ânimos políticos estão à flor da pele, vale lembrar que por ocasião da CPMI dos Correios, que decifrou o Mensalão do PT, o maior e mais ousado escândalo de corrupção da história brasileira, o petista Paulo Pimenta, deputado pelo Rio Grande do Sul, encontrou-se, em dada madrugada, com Marcos Valério na garagem do Senado Federal, horas antes do depoimento do então caixa do esquema palaciano de cooptação de parlamentares.

apoio_04