Demorou, mas a Justiça paulista afastou o tucano Robson Marinho do Tribunal de Contas do Estado

(Julia Moraes - Folhapress)
(Julia Moraes – Folhapress)
Olho da rua – Finalmente alguém teve coragem e bom senso e determinou o afastamento de Robson Marinho do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP). A decisão foi da juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi, da 13ª Vara da Fazenda Pública da capital, que concedeu medida liminar para sacar Marinho do posto de conselheiro do TCE-SP, após o Ministério Público acusá-lo de ter ajudado a Alstom a conseguir contrato sem licitação com estatais do setor de energia de São Paulo em 1998, quando este ocupava a casa Civil do governo do tucano Mário Covas.

Um dos fundadores do PSDB, Robson Marinho é acusado de receber propina da Alstom, mas seus advogados rebateram a acusação. Mesmo assim, a juíza baseou sua decisão nas provas documentais enviadas ao Brasil por autoridades suíças e francesas, as quais comprovam a polpuda movimentação financeira de Marinho em bancos estrangeiros.

Desde que o escândalo veio à tona, Robson Marinho vem negando a titularidade de uma conta bancária na Suíça, mas a instituição financeira rebate afirmando que são do conselheiro do Tribunal as assinaturas constantes na ficha de abertura. As mesmas foram conferidas pelo Ministério Público paulista e não há mais o que contestar.

Fora isso, Robson Marinho tem outro imbróglio a esclarecer. Sua evolução patrimonial, aparentemente meteórica e descabida, mostra que o tucanato paulista tem em suas fileiras um operador do chamado milagre da multiplicação. O patrimônio de Marinho não condiz com seus vencimentos, o que há muito desperta a atenção dos promotores que cuidam do caso.

A situação em que se encontra Robson Marinho comprova o que já se sabia. O cartel metroferroviário que atendeu durante anos o Metrô de São Paulo e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) foi criado não apenas para vencer licitações, mas também para pagar propina às autoridades.

Governador do mais rico e importante estado brasileiro, São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin anunciou a criação de uma comissão externa para apurar os fatos tão logo o caso veio à baila. Acontece que o tempo passou e até agora a população não sabe a que conclusão chegou a tal comissão externa. Se a alguma conclusão os integrantes da tal comissão chegaram, por certo alguém do governo deixou de comunicar aos paulistas.

Tão logo o nome de Robson Marinho surgiu no noticiário, a reboque das denúncias de recebimento de propina, o ucho.info foi célere ao afirmar que cabia ao governador Geraldo Alckmin sugerir a Marinho que deixasse o Tribunal de Contas do Estado, até porque não combina com a instituição um conselheiro acusado de corrupção. Mesmo que a Alckmin não coubesse a decisão de afastá-lo do cargo, em termos políticos teria sido melhor uma manifestação nesse sentido.

Desde então, este site vem citando o caso do mineiro Henrique Hargreves, amigo de longa data de Itamar Franco e que na ocasião foi temporariamente afastado do comando da Casa Civil da Presidência da República, enquanto duraram as investigações de uma denúncia de corrupção. Então presidente, Itamar deu carta branca à Polícia Federal, mas, encerrada as investigações, não hesitou em recolocar o amigo no cargo, para o qual Hargreaves voltou ainda mais forte. Com a atitude, Itamar Franco não apenas deu transparência ao seu governo, mas preservou o currículo do velho amigo. Isso mostra que Geraldo Alckmin ainda carece de maturidade política.

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