Dólar encerra os negócios em alta e compromete a míope atuação do governo para controlar a inflação

dolar_25Tiro no pé – Nesta sexta-feira (22), dois ingredientes tornaram ainda mais indigesta a receita da economia brasileira: Ucrânia e Federal Reserve. A escalada da tensão no leste da Ucrânia e uma declaração da presidente do Federal Reserve (o Banco Central norte-americano), Janet Yellen, dando conta que a taxa de juro nos Estados Unidos pode subir antes do previsto, foram suficientes para que a cotação da moeda ianque disparasse no mercado financeiro verde-louro. A alta do juro nos EUA depende da continuidade dos bons resultados do mercado de trabalho local.

Com alta de 0,53%, o dólar encerrou os negócios desta sexta-feira valendo R$ 2,2804, mesmo com as seguidas incursões do Banco Central brasileiro no mercado de câmbio. Aliás, o BC vem promovendo vendas de contratos de swap cambial, em volume que beira os US$ 200 milhões por dia. Isso mostra que o governo está cada vez mais perdido diante de uma crise que vem produzindo estragos em diversos flancos, sem que as autoridades saibam como reverter o quadro.

Autoridade monetária do País e responsável pela convergência da inflação para o centro da meta (4,5%) estabelecida pelo governo, o que há muito não acontece, o Banco Central conseguiu rolar quase que 100% dos contratos de swap cambial com vencimento em 1º de setembro próximo. A rolagem desses contratos significa que o governo federal continuará correndo riscos, uma vez que o cenário internacional, em especial o dos EUA, começa a mudar. Como antecipou o ucho.info, uma mudança positiva no mercado internacional colocaria o Brasil em situação de risco ainda maior.

Analistas do mercado financeiro apostam que o dólar encerrará o corrente ano valendo R$ 2,40, mas há os que acreditam que a cotação poderá chegar ao patamar de R$ 2,45. O que para muitos pode parecer pouco, nos meandros econômicos isso provoca uma catástrofe, pois o governo vem usando o controle do câmbio para impedir que a inflação saia do controle.

Com o governo incentivando o consumo como forma de combater os efeitos colaterais de uma crise econômica que tem causas mais internas do que externas, a alta do dólar tem efeito devastador. Isso porque apesar de o cidadão ter recalibrado seus hábitos de consumo e exibir cautela no momento da compra, a demanda interna remanescente continua dependendo da importação de produtos, uma vez que os palacianos não deram atenção ao alerta, feito pelo ucho.info em 2005, sobre os primeiros passos da desindustrialização.

A indústria nacional tem sido diuturnamente vilipendiada pela irresponsabilidade dos governantes, a ponto de os empresários industriais preferirem vender estoque de energia comprada com antecedência, pois a estiagem tem feito esse tipo de negócio ser mais lucrativo do que a produção industrial em si. Mesmo assim, o PT defende a reeleição de Dilma com a desculpa de que é preciso manter o Brasil no rumo certo.

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