Beto Richa embarca na insensatez tucana e adere de vez aos “encantos renovadores” de Marina Silva

beto_richa_11Parafuso solto – No universo político brasileiro, a dicotomia é companheira da incoerência. Pelo menos é isso que se depreende das declarações recentes de alguns candidatos, que não passam de lobos sob pele de cordeiro. Nessa confusão sem fim, ninguém se salva, independentemente do partido.

No Paraná, um dos mais importantes estados brasileiros, o governador Beto Richa, do PSDB, tem rasgado elogios a Marina Silva, presidenciável do PSB que ultrapassou Aécio Neves nas pesquisas eleitorais. Para piorar a situação, Richa declarou que “ainda está com Aécio”. Ou seja, a qualquer momento pode roer a corda.

Como contraponto dos elogios feitos a Marina, o candidato a vice na chapa do PSB, deputado federal Beto Albuquerque (RS), participou do programa de Richa e declarou o apoio do partido à tentativa de reeleição do governador do Paraná.

“O sonho de mudar o Brasil defendido por Eduardo Campos está mais vivo do que nunca. Seriedade, ética e compromisso social são atributos que todos os brasileiros querem de seus representantes. No Paraná, Eduardo Campos via em Beto Richa este exemplo de homem público que todos desejamos, por isso nós do PSB apoiamos Beto Richa para governador do Paraná”, disse Albuquerque.

Pois bem, essa “rasgação de seda” de parte a parte mostra de maneira inconteste que o Brasil está longe de qualquer mudança, assim como Marina Silva nem de longe representa a “nova política”. E para tanto explicamos nossa interpretação a partir de fatos.

Até o finado Eduardo Campos decidir concorrer ao Palácio do Planalto, o PSB integrava o desgoverno de Dilma Vana Rousseff, participação que vinha desde a era do lobista Lula. Em outras palavras, o PSB, assim como Campos, foi conivente com o “Mensalão do PT”, até agora o maior escândalo de corrupção da história nacional devidamente comprovado, com direito à prisão dos principais articuladores do esquema.

Da mesma forma, a candidata Marina Silva, fundadora do PT, integrava o governo Lula à época do Mensalão, sem ter feito qualquer crítica ao escândalo e aos seus protagonistas, muitos deles seus companheiros de legenda que hoje cumprem pena de prisão no Distrito Federal. Marina deixou o Ministério do Meio Ambiente por causa de divergências com o governo em relação às ações da pasta, mas mesmo assim não fez qualquer menção ao escândalo. De lá para cá, por sua proximidade com Lula, Marina jamais mencionou o escândalo em discursos e entrevistas, mesmo quando tal postura era necessária.

Por outro lado, Beto Albuquerque, que como filiado ao partido de Campos integrava a base de apoio aos governos de Lula e de Dilma, até recentemente criticava a postura oposicionista do PSDB, mas agora sobe no palanque do tucano Beto Richa para destilar elogios que não merecem credibilidade.

Equívoco idêntico ao de Beto Richa cometeu o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que escolheu como candidato a vice Márcio França, militante histórico do PSB e tesoureiro da campanha de Marina Silva. Com isso, Richa e Alckmin se aproxima de pessoas que não apenas endossaram o Mensalão do PT, mas se calaram de um escândalo de corrupção que o PSDB tanto condenou.

Aliás, nada pode ser mais complexo e incompreensível do que o PSDB de São Paulo, onde seus integrantes não descem do salto alto e nem abdicam dos punhos de renda. Enquanto os tucanos do restante do País não virarem as costas para a porção paulista da legenda, o PSDB continuará nessa pasmaceira política.

Esse cenário de dualidade ideológica (sic) confirma o que destacamos no início desta matéria. Jamais haverá “nova política” no Brasil enquanto os cidadãos não se conscientizarem de que é preciso acompanhar o cotidiano político nacional em suas minúcias, além de cobrar os eleitos e protestar de forma contundente contra os malfeitos.

Aproveitando o ensejo, lembramos que Marina Silva corre o risco de ser eleita presidente da República apenas e tão somente porque, assim como Collor, apresenta-se ao eleitorado como uma novidade, sem jamais ter sido testada como governante. Como o Brasil não é um laboratório de testes políticos, bastam as nefastas e fracassadas experiências com Lula e Dilma.

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