Aquarela tropical

(*) Carlos Brickmann –

carlos_brickmann_09Se só existe no Brasil, e não é jabuticaba, é preciso tomar cuidado.

José Peixoto Filho e seu pai José Peixoto, 76 anos, foram assaltados a mão armada em Cascavel, Paraná. Reagiram e mataram os dois assaltantes. Peixoto Filho, ferido, foi preso e hospitalizado. Peixoto pai foi preso, passou a noite na cadeia e um juiz teve de soltá-lo. O juiz também suspendeu a prisão do filho. Uma boa notícia: quem é assaltado deixou de ser criminoso e voltou a ser vítima.

Os líderes do grupo de sem-teto que atacou a PM, em São Paulo, para impedi-la de cumprir uma ordem judicial de reintegração de posse, levando a tumultos e incêndio de ônibus, são Ricardo Bonfim, da liderança do PT na Assembléia paulista, Osmar Silva Borges e Vera Eunice, ambos da Cohab, da Prefeitura paulistana, todos pagos com dinheiro público. O prefeito é Fernando Haddad, do PT.

O caro leitor consegue enviar qualquer coisa pelo Correio sem selo ou autenticação mecânica do pagamento? Não? Então não conhece as pessoas certas. Por ordem da Diretoria Regional Metropolitana de São Paulo, chefiada por Wilson Abadio de Oliveira, ligado a Michel Temer, PMDB, vice de Dilma e candidato à reeleição, os Correios estão enviando, “em caráter excepcional”, pouco menos de cinco milhões de panfletos da chapa Dilma-Temer. A norma exige chancela em cada panfleto, com nome e CNPJ do candidato e o ano da eleição – e o objetivo é atestar que o envio foi devidamente pago. Mas comprovar o pagamento é para os fracos.

Quem conhece gente certa faz como gosta, do jeito que quer.

Bons olhos

Por falar em Michel Temer, ele manifestou a certeza absoluta de que Dilma vencerá as eleições presidenciais, sem qualquer possibilidade de derrota. O motivo, sustenta, é econômico: “O Brasil está crescendo fantasticamente”.

Experiente, calejado, acostumado a campanhas, Temer diz isso sem sequer ruborizar-se.

Perigo: é um livro!

Correio, ainda. Está na coluna Diário do Poder (www.diariodopoder.com.br), coluna de Cláudio Humberto, sob o título “Bomba? Arma? Um livro”

“Ministro de Dilma, que pediu para não ser identificado, fez encomenda numa livraria de Buenos Aires, e no dia seguinte o livro lhe foi enviado. Mas ficou retido na burocracia dos Correios e da Receita brasileira por 40 dias. Certamente tentavam decifrar que objeto estranho era aquele”.

Batizado de boneca

Numa frase imortal, Dilma disse que, em época de eleição, pode-se fazer o diabo. Pois é: a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo está promovendo (e pagando, claro) um “ato de lançamento do edital para as obras do Hospital Municipal da Brasilândia”, com a presença do prefeito petista Fernando Haddad.

Inaugurar uma obra, vá lá. Há até os exagerados que fazem festa de lançamento da pedra fundamental, mesmo sem saber se a obra vai ou não sair do papel. Mas ato de lançamento do edital é meio muito: é como ir a batizado de boneca. Se a moda pega, só de edital de trem-bala já deve ter uns cinco. Tudo bem, haverá eleições, o candidato petista em São Paulo vai mal, mas precisava exagerar?

Cruzando destinos

Octavio Mangabeira, lendário político baiano, criou uma frase clássica: “Pense num absurdo. Na Bahia tem precedente”. Luiz Fernando Veríssimo, ótimo escritor gaúcho, diz, sobre outro Estado, que qualquer pessoa que se destaque por qualquer motivo, em qualquer parte do mundo, terá parentes no Interior do Paraná (a frase surgiu quando descobriram parentes paranaenses do papa polonês João Paulo 2º).

Às vezes, os Estados trocam de lugar e o absurdo agora é paranaense. Como aqui: o vencedor da Mega-Sena de 6 de setembro, logo depois de retirar o prêmio de R$ 7 milhões, foi preso. Estava condenado por estelionato – e, pior ainda, quem o levou à prisão foi um parente que quis protegê-lo de extorsão.

A vida como ela é

O nome do sortudo sem sorte não foi divulgado. Mas deu-se que, tão logo recebeu o dinheiro, foi a uma agência bancária de Campo Largo, pertinho de Curitiba, com quatro pessoas, uma delas sua advogada, para sacar R$ 50 mil. Um parente imaginou (provavelmente estava certo) que havia extorsão, e chamou a Polícia. Verificou-se então que o sortudo sem sorte era foragido da Justiça. Foi direto para a prisão. E a advogada também foi presa, por suspeita de chantagem. A Polícia não informou o que aconteceu com os outros três envolvidos.

Numeralha

Pra não dizer que este colunista não falou de pesquisas (eta, assunto chato!), a próxima ocasião em que os principais candidatos à Presidência proclamarão a inevitabilidade de sua vitória e seu explosivo crescimento nas intenções de voto será na terça-feira (talvez quarta). O Ibope já iniciou as entrevistas para a nova pesquisa, contratada pela Rede Globo e O Estado de S. Paulo.

Tudo como antes

É maldade dizer que, ao demitir Guido Mantega com quatro meses de antecedência, Dilma o transformou num fantasma despido de autoridade. A demissão pode ter sido deselegante, mas Mantega continua o mesmo que sempre foi.

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

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