Lava-Jato: envolvidos no escândalo erram ao tentar desqualificar divulgação de depoimentos

lula_362 (nacho doce - reuters)Que fique claro – Há um enorme equívoco por parte de órgãos da imprensa e dos envolvidos na ciranda de corrupção que funcionava na Petrobras em relação aos depoimentos de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, e do doleiro Alberto Youssef.

Advogados, executivos de empreiteiras e dirigentes partidários afirmam que as gravações dos depoimentos de Costa e Youssef vazaram para a imprensa, o que não é verdade. Esse discurso serve apenas para minimizar o estrago provocado pelo escândalo e tentar uma eventual anulação do processo da Operação Lava-Jato, o que dificilmente ocorrerá, pois o juiz federal Sérgio Fernando Moro, uma das maiores autoridades do País em lavagem de dinheiro, está agindo dentro dos limites da lei.

Luiz Inácio da Silva, o lobista Lula, e o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, têm erroneamente insistido na tese do vazamento dos depoimentos, até porque ambos, o ex-presidente e a legenda, foram citados nominalmente por Costa e Youssef. Lula, como sempre, tenta emplacar a tese de que não sabia do escândalo, mas no momento em que o petista aceitou a chantagem para a nomeação de Paulo Roberto Costa tinha consciência de que tudo não passava de mais um capítulo do período mais corrupto da história nacional.

Ao contrário do que afirmamos envolvidos, assim como fazem algumas desavisadas autoridades, o processo da Operação Lava-Jato, sob a batuta de Sérgio Moro, não corre sob segredo de Justiça, por isso o acesso ao conteúdo dos autos é livre. Isso faz com que qualquer depoimento no âmbito do processo também seja público, como acontece com os prestados pelas testemunhas.

Em relação aos depoimentos de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, os mesmos foram liberados pelo juiz que preside o processo, portanto não houve vazamento e muito menos acesso exclusivo desse ou daquele veículo midiático. O que se tenta passar à opinião pública é a ideia de que trata-se de mais um furo de reportagem, quando na verdade o que se tem é uma disponibilização dos arquivos por parte da Justiça.

O PT, em especial, sabe que serão graves os efeitos colaterais dos depoimentos de Costa e Youssef na campanha de Dilma Rousseff, que busca a reeleição, até porque o partido foi acusado de envolvimento no maior e mais grave escândalo de corrupção desde o descobrimento do Brasil. Negar a autoria de determinado crime é um direito de qualquer acusado, mas não se pode fugir à realidade e muito menos às provas. Em suma, a disponibilização dos depoimentos está dentro da legalidade e as graves acusações já foram checadas no vácuo da delação premiada que beneficiou os dois réus.

Aproveitando a lapidar frase disparada por Lula em dado momento, “nunca antes na história deste país” existiu um caso de corrupção tão grave e devastador como o que surgiu das entranhas da Petrobras. Lula, assim como seus companheiros de partido, sabe que o esquema funcionava a pleno vapor e que ajudou o partido não apenas a conseguir apoio continuado no Congresso Nacional por parte da chamada base aliada, mas principalmente financiar suas próprias campanhas. Mas negar o inegável é a especialidade maior da “companheirada”.

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