Celso Amorim terá de explicar na Câmara dos Deputados compra de caças por valor acima do previsto

gripen_13Soltando a voz – O ministro da Defesa, Celso Amorim, terá de explicar à Câmara dos Deputados a operação de compra de 36 caças pelo governo federal, que custou US$ 900 milhões a mais do que o previsto inicialmente e só foi anunciada um dia após o fim da disputa presidencial. Requerimento de convite ao ministro, apresentado pelo deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP), foi aprovado na quarta-feira (29) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDEN), presidida pelo PSDB.

Na última segunda-feira (27), o governo divulgou a assinatura do contrato com a empresa sueca Saab para a compra de 36 caças Gripen NG por US$ 5,4 bilhões (cerca de R$ 13,5 bilhões), encerrando uma discussão que se arrasta desde 2001. De acordo com o jornal “Folha de S. Paulo”, o valor do contrato, firmado na última sexta-feira (24), ficou US$ 900 milhões (R$ 2,25 bilhões) acima do previsto quando a decisão foi anunciada, em dezembro de 2013. As aeronaves servirão para reforçar a defesa nacional e serão entregues entre 2019 e 2024.

O governo esperou o fim da eleição presidencial para divulgar o acerto. Com isso, o tema não teve chance de chegar ao último debate entre Dilma Rouseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), realizado pela TV Globo na noite da sexta, dia em que o contrato foi assinado. A Força Aérea Brasileira nega quaisquer influências eleitorais no atraso. Vice-presidente da CREDEN, Duarte Nogueira afirma ser de suma importância que o próprio ministro esclareça por que o acordo não foi anunciado na data original.

Boi na linha e com asas

A aquisição dos caças transformou-se em reduto de polêmica desde o início das discussões sobre qual o melhor equipamento para reaparelhar a FAB. Muito estranhamente, Lula, no meio do seu segundo mandato, anunciou, ao lado do presidente da França, Nicolas Sarkozy, que o governo brasileiro optara pelos caças Rafale, da francesa Dassault. O anúncio foi desmentido dias depois, o que levou a polêmica ao patamar da suspeita.

Muitas foram as idas e vindas na órbita do Rafale, inclusive com a participação do então ministro da Defesa, Nelson Jobim, nas discussões que permearam o caso. Jobim, envolvido por um cipoal de polêmica, acabou aceitando um convite da Dassault para visitar a feira aeronáutica de Le Bourget, em Paris, o que reforçou o estoque de boates nos bastidores do poder verde-louro.

A decisão do governo pelo caça Gripen NG, foi emoldurada pela participação estranha de Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo, no Grande ABC, que da noite para o dia passou a defender a sueca Saab sem qualquer explicação convincente. Marinho, que foi ministro de Lula e coordenador da campanha de Dilma deste ano no estado de São Paulo, chegou a viajar a Suécia para visitar a fábrica de caças e posou para foto ao lado de uma das máquinas voadoras de guerra da empresa, tudo no melhor estilo barão vermelho.

O Gripen NG não tem autonomia de voo suficiente, se considerada a extensão do território brasileiro, além de ser um projeto que, por ocasião do fechamento do bilionário negócio, ainda estava nas pranchetas dos engenheiros da Saab. Mesmo assim, o governo petista de Dilma Rousseff, que pode ter desconfiado de alguma lambança na negociação com os franceses, bateu o martelo coma Saab, em detrimento dos bem sucedidos F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing.

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