Pacote de maldades anunciado por Joaquim Levy mostra que crise econômica terá capítulos extras

crise_21Fio trocado – Em conversa com o editor do UCHO.INFO, empresários da cidade de São Paulo reconheceram a economia nacional precisa de um urgente ajuste, mas de igual modo reconheceram que o “pacote de maldades” anunciado pelo ministro Joaquim Levy, da Fazenda, estenderá por mais tempo a crise econômica que há muito sacrifica o Brasil e os brasileiros.

O desânimo entre os empresários depois do anúncio feito por Levy é grande e antecipa momentos de dificuldades profundas nos próximos dois anos. Por mais que a nova equipe econômica tenha sido nomeada para colocar ordem em casa arrasada, é preciso saber se Joaquim Levy terá o apoio político necessário por parte da presidente da República. Considerando que um apagão de pouco mais de uma hora em onze estados levou os palacianos a blindarem Dilma Rousseff, medidas econômicas impopulares certamente provocarão a mesma reação do staff presidencial. Isso significa que Levy pode ficar no cargo menos tempo do que se imagina.

Ao anunciar o aumento dos combustíveis (R$ 0,22 para a gasolina e R$ 0,15 para o diesel), o ministro da Fazenda acionou o efeito cascata da majoração dos preços de produtos e serviços. A razão é simples e conhecida: o custo dos combustíveis afetara de alguma maneira todos os setores da economia, prejudicando em especial as camadas mais pobres da população. Tal medida terá consequência no cálculo da inflação oficial, que continua encostada no teto do plano de metas fixado pelo governo.

Ao assumir o comando do Ministério da Fazenda, Levy, que integrava a cúpula do Bradesco, disse o que já era esperado: o governo precisa aumentar as receitas e diminuir as despesas. Receita básica e que não exige nenhum esforço extra do raciocínio para ser compreendida. Acontece que no atual momento a receita do governo só crescerá com o aumento de impostos, o que terá impacto no consumo. Os integrantes da equipe econômica decidiram fechar o cerco tributário no setor de cosméticos, que já tinha alta carga de impostos, assim como majorar os impostos de importação. Levy só não considerou o fato de que os produtos importados ajudam, há muito, a conter a inflação, pois Lula, o lobista, decidiu arremessar o brasileiro na vala do consumismo.

No âmbito do crédito ao consumidor, tomar empréstimos bancários ou financiar bens duráveis ficará mais caro. Outra medida equivocada que levará o consumo a mais um degrau abaixo. O cenário que surge a partir do “pacote de maldades” de Joaquim Levy mostra que o governo petista de Dilma pode trocar seis por meia dúzia, uma vez que o ministro aposta em acréscimo de R$ 20 bilhões na arrecadação, mas sem considerar que a queda do consumo pode zerar esse ganho.

Nove entre dez brasileiros, inclusive os que votaram pela reeleição de Dilma Rousseff, sabem que as promessas feitas pela petista durante a campanha eleitoral foram pelo ralo em menos de três semanas. Dilma havia garantido que a economia brasileira avançava em céu de brigadeiro e que qualquer solavanco era reflexo do cenário internacional, mas ficou provado que o problema era interno. Em outras palavras, a partir de agora os brasileiros pagarão a conta da lambança provocada pela equivocada política econômica do primeiro desgoverno de Dilma Vana.

Imaginar que o Brasil conseguirá sair do cenário de crise econômica em apenas dois anos é passar recibo de tolice. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que foi mantido no cargo, disse que em breve a inflação convergirá para o centro da meta (4,5%). Nos últimos quatro anos, Tombini teve várias oportunidades de reduzir a inflação, mas não o fez porque a última palavra em termos de economia é de Dilma Rousseff. Resta saber até quando Joaquim Levy decidirá com autonomia.

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