Visita de Netanyahu aos EUA provoca mal-estar; Obama não receberá israelense

benjamin_netanyahu_02Fogo cruzado – O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi convidado pelo Partido Republicano, que controla o Congresso dos Estados Unidos, para fazer um discurso em Washington em 3 de março em sessão conjunta do Parlamento norte-americano. Contudo, o presidente Barack Obama, que não foi comunicado acerca do convite, criticou o desrespeito ao protocolo diplomático, principalmente no momento em que Washington discute o polêmico programa nuclear iraniano.

Na quarta-feira (21), a Casa Branca exalou a irritação do governo do EUA após o anúncio surpresa de que o premiê israelense fora convidado pelos republicanos para discursar diante das duas câmaras do Congresso. O convite partiu do presidente da Câmara dos Deputados norte-americana, John Boehner. O governo foi informado pouco antes da divulgação do comunicado oficial sobre a visita de Netanyahu. “O protocolo clássico é que o dirigente de um país entre em contato com o dirigente do país aonde vai. É assim que as viagens do presidente Obama ao exterior são organizados e esse evento aparece como um desvio do protocolo”, declarou Josh Earnest, porta-voz de Obama. “Os israelenses não nos informaram desta viagem”, completou o representante do presidente.

Além do mal-estar provocado pelo incidente protocolar, a visita de Netanyahu pode ser interpretada como ingerência no debate sobre o programa nuclear iraniano. Afinal, boa parte dos congressistas é favorável à adoção preventiva de sanções contra o Irã, para forçar o governo de Teerã a fixar data limite para um acordo sobre o tema. No entanto, Barack Obama já disse que vetará qualquer tipo de legislação a respeito do tema. Seguindo a linha dos republicanos, Benjamin Netanyahu defende medidas mais rígidas contra o regime iraniano.

Braço de ferro no Congresso

Ao convidar o chefe do governo de Israel, os republicanos tentam ganhar força diante da administração democrata, contraria às sanções. “Diante dos desafios atuais, eu peço que o primeiro-ministro (israelense) se exprima diante do Congresso sobre as graves ameaças que o islã radical e o Irã representam para nossa segurança e nosso modo de vida”, disse John Boehner.

Já o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, tentou minimizar o episódio. “Não há diferenças (entre os Estados Unidos e Israel) sobre os objetivos. Temos diferenças apenas em termos de tática (…). Mas estamos determinados a impedir que o Irã obtenha a arma nuclear”, declarou o chefe da diplomacia sobre as possíveis divergências entre Washington e Tel Aviv sobre o programa de energia atômica iraniano.

Reação democrata

Líder da minoria democrata na Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi disse, nesta quinta-feira (22), que Boehner fez uma grande besteira quando convidou Netanyahu para se pronunciar no Congresso em meio a negociações sensíveis sobre o programa nuclear iraniano e às vésperas das eleições israelenses.

“Se este é o propósito da visita do primeiro-ministro Netanyahu duas semanas antes de suas próprias eleições, bem no meio de nossas negociações, penso que não é apropriado e nem ajuda”, afirmou Pelosi.

O discurso de 3 de março, destaca a deputada democrata, pode dar a Netanyahu um impulso político nas eleições que acontecem poucas semanas depois e inflamar as negociações internacionais que têm como objetivo impedir o avanço do programa nuclear iraniano. (Com agências internacionais)

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