Ministro da Justiça tropeça no excesso de explicações sobre reuniões secretas com advogados

jose_eduardo_40Pés pelas mãos – Ministro da Justiça apenas porque em 2010 foi um dos “três porquinhos” da campanha presidencial de Dilma Vana Rousseff, a presidente reeleita e desaparecida, o petista José Eduardo Martins Cardozo complica-se a cada explicação que dá sobre um fatídico e misterioso encontro com advogados das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato.

Após negar o encontro, Cardozo admitiu, por meio de nota, ter se reunido com os defensores das construtoras atoladas no Petrolão. O ministro, que alega ter se reunido com advogados da Odebrecht, mas recebeu em seu gabinete os defensores dos executivos das empreiteiras UTC e Camargo Corrêa. No rastro do dito pelo não dito, José Eduardo começa a tropeçar no excesso de explicações, o que pode dificultar a situação do governo corrupto do PT.

A assessoria do ministro informou, depois de muitas criticas e pressão por parte da parcela de bem da sociedade, que o encontro foi para tratar de transgressões cometidas na condução do inquérito da Lava-Jato. Ora, se isso de fato ocorreu, os incomodados devem procurar a corregedoria da Polícia Federal, como mencionou o UCHO.INFO em matéria anterior, não procurar um ministro de Estado para solucionar uma questão menor.

Como a desculpa não convenceu, na tarde desta quinta-feira (19) o ministro informou, através de sua assessoria, que o encontro com os advogados da Odebrecht foi para tratar de vazamento de informações da Operação Lava-Jato. Ou seja, as empreiteiras participaram do maior caso de corrupção da história moderna, mas querem ser tratadas com deferência, como se fossem redutos extremos da probidade.

“Disse a Odebrecht que, ao longo da operação, havia vazamentos ilegais que atingiam a empresa, que isso era clara ofensa à lei. [Mencionaram] que eu havia mandado abrir inquérito para investigar, o que é verdade. E [disseram] que o inquérito não estava sendo tocado corretamente pela PF. Eu pedi que fizessem uma representação formal”, afirmou o ministro Cardozo.

De acordo com José Eduardo Cardozo, a representação que questiona o vazamento de informações da Lava-Jato foi protocolada há duas semanas pelos advogados da Odebrecht. O ministro da Justiça destacou que o assunto foi levado a ele porque cabe ao próprio ministério “fiscalizar” a atuação da Polícia Federal.

“A quem se dirigiria essa representação? Ao juiz? Não. Ao Ministério Público? Não. É ao Ministério da Justiça que é a quem está subordinada a PF”, completou.

Olhos abertos

José Eduardo Cardozo está equivocado, pois em primeira instância essa fiscalização cabe à corregedoria da PF, não ao Ministério da Justiça. A grande questão é que o PT insiste em fazer da PF uma polícia de governo, quando na verdade esta é uma polícia de Estado.

Há nesse imbróglio, que a cada instante ganha um capítulo extra, pelo menos duas questões a serem consideradas. O primeiro refere-se aos encontros com advogados de outras empreiteiras, como UTC e Camargo Corrêa, como já noticiado. A reunião serviu para que os duros e ameaçadores recados dos executivos das empresas, presos na carceragem da PF em Curitiba, chegassem ao núcleo duro do governo do PT. Isso é motivo suficiente para que a reunião secreta seja criticada.

O segundo ponto está relacionado ao encontro com os advogados da Odebrecht, cujo grupo homônimo tem em Luiz Inácio da Silva seu principal lobista. Não faz muito tempo, Marcelo Odebrecht, presidente da construtora, disse em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo” que não vê problemas em empresários palitarem nos assuntos do governo. Ou seja, o dirigente da empreiteira baiana deu a entender que a Presidência da República é o quintal da casa de Noca. É fato que o PT permitiu que uma instituição importante como a Presidência chegasse a esse ponto, mas tal situação não pode ser aceita facilmente pelos brasileiros.

Mistério no ar

José Eduardo Cardozo alega que é dever de qualquer autoridade receber advogados, como prevê o Estatuto da Advocacia, mas o ministro deveria forçar a própria memória e buscar no passado os encontros realizados em seu gabinete que não constaram da agenda, que, como manda a boa governança, deve ser pública.

Em uma das ocasiões, Cardozo reuniu-se no Ministério da Justiça para tratar do escândalo que alvejou a “companheira” Erenice Guerra, acusada de tráfico de influência enquanto estava no comando da Casa Civil da Presidência.

O ministro pode até sofrer da chamada memória seletiva, mas o UCHO.INFO tem em sua equipe profissionais bem informados e com memória prodigiosa.

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