Eike, comunistas e Cinema Novo

(*) Ipojuca Pontes –

ipojuca_pontes_15Furou o papo de Eike Batista, o capitalista do “Estado Forte” preconizado pelo Dr. Lula da Silva, o pilantra-mor do socialismo caboclo. O ex-bilionário, caído em desgraça, foi apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como responsável por crimes de manipulação de mercado e uso de informações privilegiadas para lograr incautos acionistas. Em decorrência, a Polícia Federal apreendeu em suas mansões carros de luxo, iate, piano, boa quantidade de dinheiro (em moedas nacionais e estrangeiras), obras de arte, computadores e até um aparelho celular – bens que, agora, a PF pretende leiloar. De quebra, a blitz policial ainda apreendeu três carros de luxo na mansão de Luma de Oliveira, ex-mulher de Eike. Para completar, na mesma hora, o Ministério Público de São Paulo o denunciava por evasão de divisas e sonegação fiscal.

Pressionado pela evidência dos fatos, o juiz da 3ª Vara Criminal do Rio, Flávio Roberto de Souza, quer ver Eike por atrás das grades: o empresário tentou escamotear alguns R$ milhões em doações sigilosas repassadas aos familiares (filhos, ex-mulher e esposa) no momento exato em que suas empresas já não pagavam mais débitos e dividendos.

É sabido que Batista refinou sua goga de manipulador do mercado vendendo, de porta em porta, na Alemanha, seguros-residência. Daí, já no Brasil, a partir de informações privilegiadas sobre o nosso subsolo obtidas junto ao pai (Eliezer Batista, antigo ministro de Minas e Energia do Governo Jango), entrou no ramo da mineração. Em seguida, lançando-se espetacularmente no mercado de capitais, foi tido no ruge-ruge da Bolsa como “vendedor de ilusões”. Num lance, criou uma empresa para explorar petróleo, a miraculosa OGX, e vendeu na bucha (com o beneplácito do Governo Forte e da mídia amestrada que o notabilizou como um novo Midas) a bagatela de US$ 1,5 bilhão em ações de uma mercadoria que, de fato, nunca existiu.

(Um acionista tungado pela goga de Eike, Aurélio Valporto, da Associação Nacional dos Acionistas Minoritários, diante das justificativas do empresário, deu a resposta precisa: “No caso da OGX, ninguém está reclamando de prejuízo no mercado, mas de roubo. Perder é parte do jogo. Ser roubado não”).

Falei antes em Estado Forte, fomentador do capitalismo de Estado que tem por objetivo financiar, em troca de grossas propinas, grupos e empresários amplamente favorecidos pelo sistema. Eike Batista é justamente um desses “eleitos” – no fundo mais um pato a ser depenado pelo poder arbitrário.

Aqui, abro outro parêntese: não existe esse troço de “Estado Forte”, o próprio Estado não existe abstratamente. O Estado em Cuba é Fidel Castro. Em Moscou, nos tempos de Stalin, o Estado era Stalin. Em Berlim, nos tempos de Hitler, o Estado era Hitler. No Brasil, há mais de 12 anos o Estado é o Dr. Lula, coadjuvado por um bando de comunistas organizados, sempre regidos pelas instruções criminosas do Foro de São Paulo, entidade internacionalista que tem por objetivo liquidar com a democracia representativa e estabelecer de vez, no continente, um império coletivista.

Eike Batista, além do acesso fácil às concessões para explorar minas e jazidas previamente identificadas nos balcões oficiais, dispunha, sem maiores restrições, da grana bilionária do BNDES (entidade pública que está a exigir urgente CPI) para bancar projetos sem sustentação.

Na prática, com o dinheiro grosso tascado do “Estado Forte” (e de inocentes investidores), o Midas perdulário passou a distribuir, sem o menor pudor, polpudos milhões com o próprio Lula, Dilma, Zé Dirceu, Serra, partidos de esquerda e, como esperado, com a tropa de choque do Cinema Novo, entre eles o neomarxista Cacá Diegues (“Cinco Vezes Favela”), o falso-revisionista Arnaldo Jabor (“A Suprema Felicidade”) e o soi-disant comunista Luiz Carlos Barreto, produtor de “Lula, o Filho do Brasil”, o mais caro e retumbante fracasso do cinema de propaganda que se faz hoje no Brasil.

Em tempo: o projeto revolucionário da patota do Cinema Novo era transformar o Brasil numa “república popular”, na linha de Cuba. Seu principal mentor, Nelson Pereira dos Santos, seguia na íntegra a agenda de Andrei Jdanov, o ideólogo do stalinismo no campo das artes. De certo modo, o Cinema Novo atingiu seu objetivo: o Estado Forte de Lula, que controla com dinheiro corruptor a cultura no Brasil, é também fruto dessa rendosa utopia.

(*) Ipojuca Pontes, ex-secretário nacional da Cultura, é cineasta, destacado documentarista do cinema nacional, jornalista, escritor, cronista e um dos grandes pensadores brasileiros de todos os tempos.

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