Petrolão: País precisa reagir à manobra que começou com as reuniões secretas de Cardozo

jose_eduardo_31Bastidores imundos – Bastou um final de semana para que caísse no esquecimento o imbróglio das reuniões secretas do ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, com advogados das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato. Sem competência reconhecida para estar em tão importante cargo, Cardozo tropeçou em uma sequência de mentiras, fazendo com que a situação do governo da “companheira” Dilma Rousseff ficasse ainda mais fragilizada no palco do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história em todos os tempos.

O ministro inicialmente negou os encontros, mas diante da pressão popular acabou admitindo ter participado das tais reuniões, algumas classificadas como rápidos encontros casuais na antessala do gabinete ministerial. Na sequência, Cardozo caiu em contradição ao afirmar que na reunião com advogados da empreiteira Odebrecht foi discutido o caso de supostos vazamentos de informações sigilosas da Operação Lava-Jato.

Considerando que toda mentira tem perna curta, o ministro acabou desmentido pela própria Odebrecht, que afirmou ter conversado como titular da Justiça sobre o acordo firmado entre o Brasil e a Suíça para combater a evasão de divisas e a lavagem de dinheiro. Isso porque Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, afirmou em depoimento ter recebido US$ 31,5 milhões em propina, paga pela Odebrecht, em contas de bancos suíços.

Em relação aos encontros com os advogados das empreiteiras UTC e Camargo Corrêa, o petista afirmou que foram encontros fortuitos no prédio do Ministério da Justiça, em Brasília. Para justificar a lambança, José Eduardo Cardozo disse, sem convencer, que de acordo com o Estatuto da Advocacia qualquer advogado deve ser recebido por autoridades. Entre o que prega o estatuto dos advogados e a realidade há uma colossal balela, pois autoridades só recebem advogados graúdos, desde que esses encontros sejam de interesse do Estado, como um todo. Do contrário, o detentor de registro na Ordem dos Advogados do Brasil deve parar de sonhar.

O que nenhum brasileiro percebeu é que as tais reuniões foram convocadas pelo próprio ministro da Justiça, a mando do Palácio do Planalto, onde os frequentadores habituais estão sem dormir por causa dos desdobramentos da Lava-Jato, cujos tentáculos já alcançaram Luiz Inácio da Silva, o lobista Lula, e a reeleita Dilma Rousseff. Os encontros serviram para Cardozo pedir aos advogados de alguns executivos de empreiteiras desistirem da tese de acordo de delação premiada. A ideia palaciana é dar seguimento à estratégia de acordo de leniência com o governo federal, por meio da Controladoria-Geral da União (CGU).

Tal manobra, que avançou nesta segunda-feira (23) no âmbito do Ministério da Justiça, produziria uma enorme cortina de fumaça sobre a Lava-Jato, salvando os verdadeiros culpados pelo escândalo de corrupção que sangrou os cofres da Petrobras em aproximadamente R$ 88 bilhões, segundo a ex-presidente da estatal, Maria das Graças Foster.

Enquanto o governo e a oposição enfrentam-se na Câmara dos Deputados por causa da nova CPI da Petrobras, que como afirmou o UCHO.INFO servirá de trincheira para os envolvidos no esquema criminoso, o Ministério da Justiça dá os retoques finais no texto de instrução normativa sobre combate à corrupção e que em seu escopo contempla o acordo de leniência com o governo. É preciso que os brasileiros de bem estejam atentos a essa jogada rasteira e suja do governo do PT, que tenta mais uma vez escapar da culpa no caso da Operação Lava-Jato.

Como antecipou o UCHO.INFO em 2005, logo após a deflagração do escândalo que ficou nacionalmente conhecido como Mensalão do PT, um novo esquema de corrupção passou a funcionar naquele ano com a conivência do Palácio do Planalto, que na ocasião precisava encontrar uma forma distinta de financiar a chamada base aliada e garantir apoio político no Congresso Nacional ao embusteiro Lula.

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