Lava-Jato: homem forte do governo Lula, Dirceu recebeu R$ 29 milhões em consultoria para empreiteiras

jose_dirceu_42Dinheiro em árvore – José Dirceu de Oliveira e Silva, ex-ministro do governo Lula e condenado à prisão no Mensalão do PT, faturou R$ 29,2 milhões entre 2006 e 2013 através de prestação de serviços de sua empresa de consultoria, a JD Assessoria. Os dados constam em documento elaborado pela Receita Federal, que analisou a movimentação financeira da empresa do ex-comissário palaciano.

A quebra de sigilo foi determinada pela Justiça no início deste ano, após indicativos de que empreiteiras citadas na Operação Lava-Jato, por participação no megaesquema de fraudes em contratos com a Petrobras, repassaram dinheiro ao ex-ministro.

O documento revela que só em 2013, ano em que começou a cumprir pena de prisão em regime semiaberto no Complexo Penitenciário da Papuda, a empresa de José Dirceu faturou R$ 4,159 milhões. O mensaleiro começou o cumprimento de pena em novembro daquele ano e ganhou o direito de progredir para o regime aberto um ano depois.

Ainda de acordo com os dados apresentados pela Receita Federal e anexados ao processo que investiga o escândalo do Petrolão, 2012, quando recebeu R$ 7 milhões, foi o ano mais lucrativo para Dirceu. Foi neste ano que o ex-chefe da Casa Civil recebeu pena de dez anos e dez meses de prisão, depois revertida para sete anos e onze meses na Ação Penal 470. Em 2013 foram R$ 4,159 milhões.

A movimentação financeira de José Dirceu consta de dados solicitados pelos investigadores da Operação Lava Jato da Polícia Federal, ficando sob responsabilidade do juiz federal Sérgio Moro a retirada do sigilo dos autos em que houve a quebra do sigilo fiscal e bancário de Dirceu. Foi depois que o empresário Gerson Almada, sócio da Engevix, prestou depoimento sobre Dirceu, que a decisão foi tomada.

Na lista de clientes de Dirceu há diversas empresas envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras, como as empreiteiras OAS, UTC, Engevix, Galvão Engenharia, Camargo Corrêa, além da Egesa e de um braço da construtora Delta, banida da administração pública após a revelação de suas atividades em parceria com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Mas também há gigantes de outros setores, como a Ambev.

A Receita Federal também detectou o que classificou como “possível movimentação financeira incompatível”. É o caso da compra de um imóvel em São Paulo, em 2012, no valor de R$ 1,6 milhão. Dirceu informou ao Fisco ter pagado 400.000 reais com seu próprio dinheiro, mas esse mesmo valor não circulou pela sua conta corrente.

A quebra dos sigilos fiscal e bancário do mensaleiro foi autorizada pela Justiça Federal, após o Ministério Público, em parceria com a Receita, ter feito uma varredura nas empresas investigadas na Operação Lava-Jato, procurando possíveis crimes tributários praticados por seus administradores. Os investigadores já haviam concluído que as empreiteiras, que unidas em um cartel fraudaram contratos para a obtenção de obras da Petrobras, utilizavam empresas de fachada para dar veracidade à movimentação milionária de recursos ilegais. Ao vasculhar os lançamentos contábeis das empreiteiras, entre 2009 e 2013, o Fisco encontrou o nome da consultoria de José Dirceu como destinatária de “expressivos valores” das empreiteiras Galvão Engenharia, OAS e UTC.

O advogado do ex-ministro, Juarez Cirino dos Santos, em resposta à Justiça, apresentou notas fiscais para tentar comprovar que os serviços de consultoria realmente foram prestados. (Por Danielle Cabral Távora)

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