Envolvido na Lava-Jato afirma que foi levado até Hugo Chávez pelo destemperado Requião

roberto_requiao_24Efeito retardado – A Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, pode ganhar nova conexão internacional por conta da atuação do senador Roberto Requião (PMDB) como garoto-propaganda de uma empresa envolvida nas investigações. Aldo Vendramin, dono da Consilux, empresa que se dedica à exploração de radares de trânsito, afirma que foi levado pelo ex-governador paranaense até o caudilho Hugo Chávez, então presidente da Venezuela, onde conseguiu contratos para construção de casas populares.

As declarações de Vendramin foram dadas durante entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, quando o empresário tentava explicar o aparecimento do nome da Consilux em investigação da Lava-Jato, na questão relativa a contratos de consultoria (sic) do ex-ministro e mensaleiro condenado José Dirceu de Oliveira e Silva.

Ao jornal, Vendramin explicou como as conexões de Requião com Hugo Chávez, de quem era seguidor político, resultou em empreendimentos comerciais que hoje estão despertando o interesse da Justiça brasileira. “Em 2005, o [então governador do Paraná, Roberto] Requião levou uma comitiva de empresários para Caracas. Foi quando a gente viu a oportunidade de entrar no ramo de casas populares”, disse Vendramin.

O jornalista estranhou o fato de uma empresa de tecnologia de trânsito passar a operar no setor habitacional na Venezuela. Conta o empresário que Requião foi mais importante que José Dirceu para estabelecer laços comerciais na Venezuela. “Vimos a oportunidade de diversificar e entramos bem no mercado venezuelano de habitação. Conseguimos depois dessa essa viagem com o Requião. O Dirceu não teve nada a ver com a nossa entrada lá. Só nos atendeu muito depois, a partir do final de 2011”.

A interação da Consilux com o ex-ministro e agora lobista José Dirceu, que acabou colocando a empresa na alça de mira da Operação Lava-Jato, aconteceu depois de a empresa enfrentar dificuldades para receber valores dos contratos. “Dirceu me levou a Chávez e o dinheiro começou a sair. O José Dirceu me levou três vezes para conversar com o Chávez pessoalmente e depois disso o dinheiro começou a sair mais rápido”, diz o empresário.

A atuação de Roberto Requião no episódio também é considerada muito estranha e pode ser investigada. O senador peemedebista sempre foi um crítico ácido dos radares de trânsito e mantinha a Consilux sob ataque pesado durante as campanhas eleitorais que participou. Dizia considerar esse tipo de equipamento lesivo à população e sugeria existir negócios tenebrosos entre a prefeitura de Curitiba e a empresa. Por isso a surpresa com a revelação de que Requião transformou-se em garoto-propaganda da Consilux perante o governo bolivariano da Venezuela.

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