Pesquisadores americanos garantem que novas vacinas têm excelentes resultados contra o câncer

vacinacao_sarampo_01Luz no túnel – A conceituada revista “Science” publicou na quinta-feira (2), em edição especial, estudo feito por pesquisadores norte-americanos sobre nova técnica de imunoterapia. A vacina personalizada que ataca os tumores mostrou sinais promissores em três pacientes diagnosticados com melanoma, a forma mais agressiva de câncer de pele. Os resultados desse estudo revelam que os pacientes mostraram uma importante resposta imune, capaz de combater a doença.

Pesquisadores da Universidade Washington de Saint Louis, nos Estados Unidos, compararam o genoma dos tumores de cada paciente com a carga genética do tecido saudável para identificar as proteínas mutantes do tumor, chamadas neoantígenos. Usando modelos de computador, os cientistas descobriram quais desses neoantígenos poderiam obter respostas mais fortes do sistema imunológico e, a partir disso, fabricaram vacinas para cada indivíduo. No mês seguinte, exames de sangue mostraram que o sistema imune dos pacientes estava respondendo ativamente às mutações.

O mais importante da pesquisa é que os cientistas conseguiram conceber vacinas personalizadas, uma abordagem que pode ser promissora no futuro. Entretanto, os pesquisadores ressaltam que é cedo para afirmar se ela funciona para combater ao câncer. Estão planejados estudos com um número maior de participantes ainda para este ano.

“Esse é apenas o primeiro passo. Ainda é necessário acompanhar as respostas desses pacientes por longo prazo, além de ter outros estudos com mais pessoas e para outros tipos de câncer. O mérito desse estudo é que os cientistas conseguiram selecionar com precisão os neoantígenos e mostraram que os pacientes respondem a eles”, ressalta José Augusto Rinck Jr., médico oncologista do hospital A. C. Camargo. “É mais uma pesquisa a mostrar que a imunoterapia é uma estratégia promissora de combate ao câncer.”

Desenvolvimento científico

A edição especial da Science teve como objetivo mostrar o desenvolvimento científico da imunoterapia e analisar o que precisa ser feito para que ela continue a evoluir e apresentar resultados. Segundo a revista, há relatos de recuperações “espantosas” descritas nos artigos da edição, que analisam as diferentes técnicas de imunoterapia, como a descrita pelos pesquisadores americanos, e sugerem o que ainda precisa ser feito para que o tratamento se transforme em uma maneira eficaz de combate ao câncer.

A meta da imunoterapia é estimular o sistema imunológico do paciente para promover a cura. Em 2013, a Science a classificou como ‘Avanço do Ano’, quando seus resultados começaram a se tornar mais robustos. Os estudos feitos desde então mostram que o tratamento é capaz de fazer com que pacientes em estágio avançado da doença sobrevivam por mais tempo que o esperado. Há casos de pessoas que chegaram até mesmo a erradicar os tumores.

O tipo de tumor que responde melhor à terapia é o melanoma, no entanto, resultados também têm sido promissores para câncer de próstata, pulmão, rim, bexiga, pescoço e ovários. As análises da revista desenham um futuro promissor para o tratamento, apesar dos atuais obstáculos, como os efeitos colaterais e sua eficiência ainda para um pequeno número de pessoas.

“A estratégia tem chamado a atenção da comunidade científica em todo o mundo e será o foco de mais da metade dos estudos que serão apresentados este ano na Conferência da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, o maior evento da área. Estamos prestando cada vez mais atenção nessas pesquisas e nas novas drogas desenvolvidas, que podem ser uma forma realmente eficiente de combate da doença no futuro”, finaliza o oncologista. (Por Danielle Cabral Távora)

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