Swissleaks: Janot voltará de Paris sem os cobiçados dados sobre as contas secretas do HSBC

rodrigo_janot_07Nada por enquanto – As autoridades brasileiras que estão em Paris em busca da lista de brasileiros com contas numeradas no HSBC da Suíça devem voltar ao País de mãos vazias. Isso porque o Ministério Público francês informou ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot Monteiro de Barros, e ao secretário nacional de Justiça, Beto Vasconcelos, que o compartilhamento de dados do Swissleaks depende de trâmites que ainda estão em curso.

Apesar da negativa das autoridades francesas, Janot e Vasconcelos deixaram a reunião satisfeitos e com boa dose de otimismo em relação ao pedido de colaboração internacional. “As sinalizações são positivas, por parte do Estado francês, mas ainda temos que aguardar, sobretudo o trabalho do juiz de instruções”, explicou Vasconcelos, na saída do encontro, ocorrido na manhã desta terça-feira (28), em Paris. “O Ministério Público francês deu demonstrações bastante positivas quanto ao interesse de cooperar com o Brasil”. O procurador-geral Rodrigo Janot deixou a Promotoria francesa sem falar com os jornalistas.

O Ministério Público Federal brasileiro protocolou, há aproximadamente um mês, um pedido oficial à França para ter acesso às informações relativas às contas secretas de mais de 8,7 mil brasileiros no HSBC. O Swissleaks revelou que milhares de clientes ao redor do planeta sonegaram impostos e usaram as contas numeradas para lavar dinheiro, entre outros tantos crimes financeiros e fiscais. Após ter acesso às informações do escândalo revelado por Hervé Falciani, ex-funcionário do HSBC, o MPF terá condições de abrir investigações para apurar eventuais crimes financeiros cometidos por brasileiros.

A grande questão em relação ao Swissleaks é que as autoridades francesas não fixaram prazo para a liberação dos dados. “Agora, temos que aguardar os próximos passos previstos tanto na legislação como nos procedimentos internos do governo francês”, detalhou Beto Vasconcelos.

O secretário nacional de Justiça lembrou que o trâmite é “normal” e consta dos acordos internacionais entre Brasil e França. “É absolutamente regular que se deem as conversas e tratativas para definir a forma com a qual a cooperação vai se dar”, disse. Não estão descartadas novas viagens a Paris de representantes do MPF, da Polícia Federal e do governo brasileiro para finalizar os trâmites que precedem a eventual liberação dos dados referentes às contas numeradas do HSBC.

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