Petrolão: juiz Sérgio Moro interroga executivos de empreiteiras flagrados na Operação Lava-Jato

sergio_moro_01Banco dos réus – Na manhã desta segunda-feira (4), a Justiça Federal deu início aos interrogatórios dos executivos das maiores empreiteiras do País denunciados no bilionário esquema de corrupção e desvios na Petrobras. Na lista dos primeiros a serem ouvidos pelo juiz federal Sérgio Fernando Moro, que conduz os processos decorrentes da Operação Lava-Jato, em Curitiba, estão Dalton dos Santos Avancini, Eduardo Hermelino Leite e João Ricardo Auler, da Camargo Corrêa.

Na parte da tarde será a vez de Ricardo Pessoa, presidente da UTC Engenharia, acusado de coordenar o cartel de empreiteiras que pagava propina de 1% a 3% sobre os valores dos contratos com Petrobras, por meio de diretores indicados pelo PT, PMDB e PP. O dinheiro sujo tinha como destino partidos e políticos. Até o momento, o prejuízo estimado é de R$ 6 bilhões, desviados dos cofres públicos entre 2004 e 2014, mas a ex-presidente da estatal, Maria das Graças Foster, disse que o prejuízo com o Petrolão teria alcançado a incrível cifra de R$ 88 bilhões.

Esta é a primeira vez que os executivos alvos da Lava-Jato depõem formalmente ao juiz Sérgio Moro na condição de réus. Avancini e Leite, respectivamente presidente e vice-presidente da Camargo Corrêa, fizeram acordo de delação premiada e já confessaram crimes, apontando novos fatos aos investigadores da força-tarefa do Ministério Público Federal. O Petrolão já é considerado o maior escândalo de corrupção da história da humanidade.

A partir de junho, Moro começará a sentenciar os 25 executivos e funcionários de 6 das 16 empreiteiras, dentro do primeiro pacote de denúncias formais dos procuradores da Lava-Jato, mirando o grupo empresarial que sustentava o ciclo de desvios na Petrobras. As cinco ações foram abertas em dezembro de 2014, após denúncias do Ministério Público Federal serem recebidas por Moro.

Após os interrogatórios, o MPF terá prazo para fazer suas alegações finais de acusação e depois os acusados terão tempo para suas defesas – antes que o juiz comece a elaborar suas sentenças pela condenação ou absolvição dos réus. Até agora, apenas um processo da Lava-Jato envolvendo a Petrobrás foi julgado.

Os interrogatórios desta segunda-feira fazem parte do processo envolvendo a Camargo Corrêa e a UTC. Na sequência estão previstos ainda os interrogatórios dos réus Waldomiro de Oliveira (laranja do doleiro Alberto Youssef), Márcio Andrade Bonilho (do grupo Sanko, laranja de Youssef), Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro Mário Negromonte (Cidades) e entregador de propina, e Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca – policial federal que também atuava como transportador de dinheiro para Youssef.

As ações que começam sua fase derradeira são da sétima etapa da Lava-Jato, batizada de “Juízo Final” e deflagrada em 14 de novembro de 2014. São réus nos processos executivos da Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC. As acusações tratam da corrupção e dos desvios comprovados pela força-tarefa da Lava-Jato em contratos apenas da Diretoria de Abastecimento – que era cota do PP no esquema e dirigida pelo primeiro delator do caso, Paulo Roberto Costa.

Na última semana, o ex-diretor de Abastecimento e o doleiro Alberto Youssef foram os primeiros réus desses processos a serem interrogados por Moro. Ao juiz, Costa confirmou o esquema de corrupção e cartel na estatal. “Nos contratos envolvendo o cartel, a propina era generalizada”. (Danielle Cabral com Ucho Haddad)

apoio_04