Ministro do STF autoriza a quebra de sigilos de Fernando Collor, investigado na Lava-Jato

fernando_collor_21Ele voltou – Diz a sabedoria popular que “o lobo perde o pelo, mas não perde o vezo”. Esse ditado encaixa-se perfeitamente na trajetória política do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), que teve a quebra dos sigilos bancário e fiscal autorizada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, relator dos processos decorrentes da Operação Lava-Jato. O período da quebra está limitado a 1º de janeiro de 2011 a 1º de abril de 2014, pedido feito pela Procuradoria-Geral da República.

Os procuradores que integram a força-tarefa da Lava-Jato querem saber se Collor cometeu o crime de lavagem de dinheiro e se teria recebido R$ 3 milhões em propina no rastro de um negócio que teve a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, como pano de fundo.

Por ocasião da abertura do inquérito no STF, em março passado, Fernando Collor, do alto da sua conhecida soberba, disse que provaria sua inocência, ao mesmo tempo em que negou “qualquer tipo de relação pessoal, política ou empresarial” com o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava-Jato.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse, à época do pedido de abertura de inquérito, ver indícios “veementes” da prática de dos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Em depoimento emoldurado por acordo de delação premiada, o doleiro afirmou ter feito vários depósitos para Collor a pedido de Pedro Paulo Leoni, conhecido como PP e homem de confiança do ex-presidente da República e agora senador. PP foi ministro de Fernando Collor e é dono de uma empresa que fazia negócios com Alberto Youssef, a GPI Participações e Investimentos.

Durante busca no escritório de Youssef, a Polícia Federal encontrou depósitos feitos em nome Collor, no total de R$ 50 mil. “A realização de movimentações vultosas em espécie não é comum e constitui expediente usualmente utilizado para evitar rastreamento bancário”, destacou o juiz Sérgio Moro ao encaminhar os dados ao Supremo.

Desde que surgiram as suspeitas de envolvimento do senador alagoano no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história, Collor tem atacado reiteradamente o Ministério Público e o procurador-geral por causa das investigações. Ciente de que poderá ser atingido pelos resultados das investigações, Fernando Collor, em discurso no plenário do Senado, em março último, disse que a atuação do MPF no caso é “parcial” e “irretratável”.

“Na prática da Justiça, listas de nomes sem provas não significam absolutamente nada. […] Que credibilidade e veracidade supremas podem haver nas palavras de notórios contraventores da lei?”, afirmou o senador petebista.

Arrogante e truculento, Fernando Collor de Mello é o lobo que perdeu o pelo. Acreditando que é intocável, o senador insiste em estar acima da lei e do Estado Democrático de Direito. Em qualquer país sério, com autoridades responsáveis, Fernando Collor teria sido banido definitivamente da política. Somente no Brasil um político que foi varrido do poder por causa de corrupção consegue voltar à cena, sempre dando ordens.

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